A
Invasão da Rússia
A
Invasão da Rússia
Batalha
de Bialistok
Ataque
à Leningrado
31
de julho de 1940. Em Berchtesgaden, Hitler mantém uma reunião
decisiva com os chefes da Wehrmacht. Finalmente, após longos meses
de incerteza, resolveu atacar a Rússia a fim de assegurar de forma
definitiva a supremacia da Alemanha na Europa.
O
Fuhrer expões detalhadamente a seus generais os motivos de sua
temerária decisão. A Inglaterra, contra toda a lógica, empenhou-se
em continuar na guerra, com a esperança de que num curto prazo
também os soviéticos se lançassem contra a Alemanha. Assim, para
destruir essa esperança e forçar os britânicos a depor as armas, é
necessário derrotar primeiro os russos. Com voz ameaçadora, Hitler
exclama: - Não se trata de conquistar territórios! O objetivo é
destruir a capacidade da Rússia de existir como nação.
A
seguir, Hitler expõe, em traços largos, seu plano de ataque. A
Rússia deve ser liquidada por meio de uma única e esmagadora
investida. Data: maio de 1941. A Wehrmacht dividirá suas forças em
duas grandes massas e se lançará ao ataque pelo norte e pelo sul,
numa gigantesca manobra de envolvimento, que fechará suas tenazes
sobre Moscou. A operação terá que se completar num prazo máximo
de 5 meses, a fim de concluir a luta antes da chegada do inverno.
Em
cumprimento às determinações de Hitler, o general Halder, chefe do
Estado-Maior do Exército, iniciou imediatamente o estudo do plano de
invasão. De acordo com sua idéia inicial, o centro de gravidade do
ataque teria que desenvolver-se em direção a Moscou, apoiado por
uma penetração paralela no sul, em direção à cidade de Kiev,
capital da Ucrânia. Este plano foi posteriormente substituído por
um projeto do general Marcks, a quem Hitler designou como assessor
especial para o planejamento.
Marcks
demonstrou, porém, que a campanha da Rússia não podia ser
realizada como Hitler desejava, numa só ação de luta. Os exércitos
soviéticos teriam que ser batidos em duas arremetidas sucessivas, a
oeste e a leste da linha formada pelo rio Dniéper, situado a 500 km
das posições de partida da Wehrmacht, na fronteira polonesa. A
enorme extensão do território russo constituía, portanto, o
principal obstáculo para a realização de uma “campanha
relâmpago”.
Enquanto
no Estado-Maior completavam-se os estudos do plano de operações sob
o comando do general Paulus (que posteriormente, comandou o 6o
Exército alemão que foi aniquilado em Stalingrado), procedia-se
simultaneamente a reorganização das forças da Wehrmacht. A fim de
contar com um número de unidades blindadas, formaram-se 10 novas
divisões Panzer (blindadas) equipando-as, em sua maior parte, com
tanques das divisões já existentes. Dessa forma, a quantidade de
divisões subiu a 20, mas o potencial de cada uma dessas unidades
diminuiu de 258 tanques para 196. A força total dos blindados foi
aumentada em 1.000 veículos (na Rússia, os alemães empregaram
3.200 tanques contra 2.200 utilizados na campanha contra a França).
Em
26 de agosto, Hitler ordenou a primeira mobilização de tropas para
o Leste. Dez divisões de infantaria e duas Panzer foram
transportadas da França para a Polônia, a fim de formar uma
proteção para cobrir a concentração das unidades restantes da
Wehrmacht.
O
Plano
No
dia 12 de novembro de 1940, chegou a Berlim Vyacheslav Molotov.
Ministro das Relações exteriores da Rússia. Hitler e Ribbentrop
sustentaram com ele uma série de conferências e lhe ofereceram
concretizar um pacto entre a Alemanha, Rússia, Itália e Japão,
pelo qual as quatro potências totalitárias firmariam suas
respectivas esferas de domínio na Europa, África e Ásia. Em
princípio, os russos teriam o direito de assenhorar-se de todos os
territórios situados sobre o oceano Índico.
O
astuto diplomata russo não se deixa convencer pelas vagas propostas
de Hitler e definiu claramente as aspirações soviéticas: os
Balcãs, a Finlândia e o controle do estreito de Dardanelos. O
Fuhrer, encolerizado; pôs fim às negociações e resolveu levar
adiante, sem mais delongas, a campanha contra a URSS.
No
dia 5 de dezembro, Halder apresentou a Hitler o plano elaborado pelo
Estado-Maior para a invasão da Rússia. O ataque decisivo seria
conduzido em direção a Moscou, a fim de bater o grosso dos
exércitos russos que, como se esperava, defenderiam a rota de acesso
à capital. Nas duas alas, ao norte e sul, seriam realizados,
simultaneamente ataques paralelos, com a missão secundária de
cobrir os flancos da penetração central. A Wehrmacht, portanto,
dividiria suas forças em três grupos de exércitos. Dois deles, o
do norte e o do centro, atuariam no espaço situado entre os extensos
pântanos de Pripet e a costa do mar Báltico; o terceiro atacaria o
sul dos ditos pântanos, na região da Ucrânia.
Halder
havia determinado como primeiro objetivo da campanha, o aniquilamento
de todas as forças soviéticas, calculadas numas 200 divisões,
situadas entre a fronteira e a linha dos rios Dniéper e Duína. Com
isso calculava-se conseguir a destruição da parte principal do
exército russo. Em continuação, a Wehrmacht prosseguiria seu
avanço para o leste a fim de eliminar os últimos restos das forças
soviéticas, cujo núcleo mais importante esperava-se encontrar na
frente de Moscou. Os grupos de exército seriam precedidos no ataque
por poderosas formações blindadas, cuja missão seria penetrar
profundamente e com rapidez na retaguarda, com a finalidade de criar
condições para a completa destruição dos exércitos russos numa
série de grandes batalhas de cerco. As unidades de infantaria
avançariam em marchas forçadas atrás dos tanques, para tomar a seu
encargo o envolvimento e deixar em liberdade as Guarnições
Blindadas para que estas continuassem sem interrupção sua
penetração no Leste.
Hitler,
após escutar atentamente a exposição de Halder, declarou que uma
vez alcançada a linha do Dniéper, devia ser prevista a
transferência do centro da gravidade do ataque para o norte, a fim
de apoiar com as unidades blindadas do grupo central a ação das
forças encarregadas da ocupação da costa do Báltico. A seguir,
acrescentou que a ocupação de Moscou não era, a seu ver, da maior
importância. O marechal Brauchitsch tentou rebater este argumento,
mas teve que se calar, diante da reação colérica do ditador.
Foi
assim que surgiu, desde o primeiro momento, uma profunda divergência
entre Hitler e os chefes do exército no que dizia respeito aos
objetivos finais da campanha. Este desentendimento teria,
futuramente, funestas conseqüências para a Wehrmacht.
No
dia 18 de dezembro de 1940, Hitler assinou a Determinação n° 21,
que ordenava a invasão da Rússia. O documento, em código, tinha o
nome de “Barbarrossa” escolhido pelo próprio Fuhrer. Neste
plano, determinava-se de forma detalhada o planejamento de operações
de Hitler. O grupo de exércitos “Centro” depois de cumprir sua
missão a oeste do Dniéper, devia destacar “partes importantes das
tropas rápidas para o norte, a fim de cooperarem com o grupo de
exércitos norte, que operará da Prússia Oriental em direção a
Leningrado, aniquilando as forças inimigas que lutam na região
báltica”. O ataque principal, portanto, não teria lugar em
direção a Moscou. Hitler especificava expressamente: “Logo após
haver assegurado esta tarefa de máxima prioridade, à qual se deve
seguir a ocupação de Leningrado e Kronstadt, continuarão as
operações ofensivas para ocupar o importante centro de comunicações
e de indústria de guerra de Moscou”.
Brauchitsch
e Halder não se atreveram a contradizer novamente o Fuhrer e
acataram sem discussão suas determinações, na esperança, de que,
uma vez iniciadas as operações, Hitler se convenceria por si mesmo
da necessidade de voltar todo o peso do ataque contra Moscou e não
contra Leningrado. A fim de facilitar essa mudança de atitude,
Halder, ao estabelecer, em 31 de dezembro, a distribuição
definitiva das forças entre os três grupos de exército,
acrescentou ao grupo “Norte” uma poderosa massa de 26 divisões
de ataque (três blindadas, três motorizadas e 20 de infantaria),
para que pudesse cumprir de forma autônoma, sua missão, sem receber
o apoio das unidades blindadas do grupo “Centro”.
A
Wehrmacht prepara o ataque
Na
véspera da invasão à Rússia, a Wehrmacht encontrava-se no apogeu
do seu poderio. As repetidas e extraordinárias vitórias obtidas
desde o início da guerra, havia rodeado o exército alemão de uma
auréola de invencibilidade que se traduzia na cega confiança de
seus chefes, oficiais e soldados na própria superioridade sobre
qualquer adversário. Não é de estranhar, portanto, que Hitler
estivesse plenamente convencido que conseguiria aniquilar o exército
russo, desacreditado na recente e sangrenta guerra contra a pequena
Finlândia, em questão de 5 ou 6 semanas.
Foi
por isto que, diante das forças russas, calculadas numas 213
divisões, das quais 188 acreditava-se que estavam na região da
fronteira, os alemães mobilizaram uma massa de ataque de 145
divisões. A inferioridade numérica, tanto de homens como de
armamentos (tanques, aviões, canhões, etc) supôs-se que seria
amplamente compensada pela melhor qualidade do material alemão e à
superior capacidade combativa e experiência de seus soldados. Por
isto, o Alto Comando considerou possível reter na Europa Ocidental,
Balcãs e África do Norte, 60 divisões. Como única reserva dos
exércitos que oporia contra a URSS, a Wehrmacht dispunha de 26
divisões. Esta reduzida força teria que cobrir as necessidades de
uma frente que, no começo da luta, teria uma extensão de 1.250 km
e, na fase final da campanha, ao alcançar a linha entre o Mar Branco
e o Cáucaso, teria cerca de 4.000 km.
Todas
as possibilidades de êxito do plano alemão descansavam no fato de
que as operações deviam se desenvolver num ritmo extremamente
rápido. Era preciso bater os exércitos russos e alcançar os
objetivos finais, situados 1.000 km dentro do território russo,
antes que o Governo soviético conseguisse mobilizar e aparelhar as
imensas reservas humanas do país (calculadas nuns 15.000.000 de
homens aptos para a guerra). As poderosas e velozes divisões
blindadas, provadas em repetidas campanhas fulminantes, constituíam
o elemento decisivo nesta corrida contra o tempo.
Hitler,
por sua vez, estava absolutamente convencido de que o povo russo
havia de levantar-se em massa contra o comunismo, assim que as forças
alemães transpusessem as fronteiras e alcançassem as primeiras
vitórias. “Bastará que batamos na porta, para que todo o edifício
venha a baixo”, disse com jactância a seus assessores.
Obedecendo
às determinações do Fuhrer, o Alto-Comando distribuiu as forças
da Wehrmacht da seguinte maneira:
Grupo
de Exércitos “Norte”,
comandado pelo marechal Ritter von Leeb, com dois exércitos de
infantaria, o 18o
do general von Kuchler e o 16o
do general Busch e a Guarnição Blindada IV do general Hoeppner.
Objetivo: destruir os exércitos soviéticos na costa do Báltico,
ocupar Leningrado e cooperar com o Grupo de Exércitos “Centro”,
na marcha sobre Moscou. Esta força contava com o apoio da 1a
Luftflotte (Força Aérea) do general Keller, com 400 aviões.
Grupo
de Exércitos “Centro”,
comandado pelo marechal von Bock, com dois exércitos de infantaria,
o 4o
do marechal von Kluge e o 9o
do general Strauss, aos quais, depois se acrescentou o 2o
do general von Weichs. Além disso, as Guarnições Blindadas II do
general Guderian e II do general Hoth. Objetivo: realizar o ataque
principal ao norte dos pântanos de Pripet e, depois de aniquilar as
forças russas e alcançar a linha do Dniéper, na altura da cidade
de Smolensk, destacar suas unidades blindadas em apoio do Grupo de
Exércitos ‘Norte”. Como missão posterior, teria a seu cargo,
junto com o Grupo de Exércitos “Norte” , completar a destruição
dos restos do exército russo na frente de Moscou, e ocupar a
capital. Esta força seria apoiada pela 2a
Luftflotte do general Kesselring, com 1.500 aviões.
Grupo
de Exércitos “Sul”,
comandado pelo marechal von Rundstedt, com três exércitos de
infantaria alemães, o 6o
de von Reichenau, o 17o
do general von Stulpnagel e o 11o
do general Schobert, os 3o
e 4o
exércitos de infantaria romenos e ainda o Corpo de Exército
Húngaro. Além disso, a Guarnição Blindada I, do general von
Kleist, contava com o apoio da 4a
Luftflotte do general Loehr, com 750 aviões. Objetivo: atacar ao sul
dos pântanos de Pripet, aniquilar os exércitos russos a oeste do
Dniéper e ocupar Kiev. Como missão posterior, cobrir o flanco sul
do Grupo de Exércitos “Centro”, em seu avanço sobre Moscou e
alcançar a desembocadura do rio Don.
Na
Finlândia, o
exército denominado “Noruega”, comandado pelo general von
Falkenhorst e dois exércitos finlandeses às ordens do marechal
Mannerheim. Objetivo: as forças alemães ocupariam Petsamo e logo
avançariam sobre a costa do mar de Barents, a fim de tomar o porto
russo de Murmansk. Os finlandeses penetrariam para o sul, pelo istmo
de Carélia, a fim de envolver pela retaguarda Leningrado.
No
mês de janeiro de 1941, começou a concentração final das forças
alemães na Polônia, Prússia Oriental e Romênia. Mais de 3.000.000
de soldados, 600.000 veículos motorizados e 600.000 cavalos
integravam o imenso exército invasor. O deslocamento das tropas se
realizou num ritmo crescente e ficou praticamente completado no mês
de maio.
Dois
fatos contribuíram para atrasar o início das operações que, por
ordem de Hitler, deviam começar a 15 de maio. A conquista da
Iugoslávia e Grécia, na qual intervieram numerosas unidades
blindadas do Corpo de Exército “Sul”, de von Rundstedt, obrigou
Hitler a atrasar por seis semanas o ataque à Rússia. Além disso,
as chuvas da primavera e as grandes inundações provocadas pelo
degêlo, prolongaram-se além das datas previstas. Todo o terreno
situado na frente ao Grupo de Exércitos “Centro” ficou coberto
de água e lodo até meados de junho. No norte, as intensas e
persistentes chuvas transformaram os caminhos em imensos lodaçais.
No
dia 22 de junho, nova data fixada por Hitler para o ataque; o tempo
se estabilizou e os terrenos ficaram firmes e secos. A Wehrmacht
podia começar seu avanço.
Começa
a invasão
Na
madrugada de 22 de junho de 1941, o embaixador alemão em Moscou,
conde Fiedrich von Schulenburg, entregou a Molotov a declaração de
guerra da Alemanha contra a URSS. Ao mesmo tempo, em Berlim,
Ribbentrop mandou chamar o embaixador soviético Vladimir Dekanozov e
lhe entregou uma nota semelhante. Às 3:15, os canhões alemães
romperam fogo ao longo da imensa frente. A luta havia começado.
O
Grupo de Exércitos “Centro”, precedido das colunas blindadas de
Guderian e Hoth lançou-se ao ataque contra as forças soviéticas
comandadas pelo general Pavlov. Este chefe dispunha de três
exércitos, o 3o,
o 4o
e o 10o
, cujas forças estavam agrupadas na fronteira, numa grande saliência
cujo centro se achava na cidade de Bialistok. Isto facilitou a
manobra de envolvimento que, rapidamente, as forças blindadas
alemães realizaram. Avançando pelo norte e pelo sul, as Guarnições
Blindadas de Hoth e Guderian romperam as linhas russas e penetraram
profundamente na retaguarda, num movimento de tenaz. A infantaria,
realizando um supremo esforço, seguiu em marchas forçadas o avanço
dos tanques, deslocando-se por estradas secundárias em meio a
asfixiantes nuvens de poeira.
No
dia 26 de junho, os tanques de Hoth penetraram na cidade de Minsk, e,
no da seguinte, convergiram ao sul, sobre a localidade onde estavam
as colunas blindadas de Guderian. Ficou assim fechado o gigantesco
cerco no qual ficaram envolvidos os três exércitos russos do
general Pavlov. Guderian ordenou imediatamente que suas unidades de
vanguarda prosseguissem em avanço para leste. Na manhã do dia 1o
de julho, a 3a
divisão blindada cruzou o Beresina e continuou a toda velocidade, a
marcha para o rio Dniéper.
Porém,
foram deixadas para trás as forças de infantaria, empenhadas numa
luta dura e sangrenta contra as unidades russas localizadas em torno
de Bialistok e Minsk. Pela primeira vez desde o início da guerra, os
alemães encontravam-se frente a frente com um adversário que
recusava-se a se render apesar de estar cercado e sem possibilidade
nenhuma de escapatória.
Os
4o
e 9o
exércitos de infantaria do marechal von Kluge e o general Strauss
completaram no norte e no sul o cerco das forças de Pavlov tornando
a empregar as unidades blindadas. No entanto, as violentas
arremetidas que realizavam as forças russas fizeram com que von
Kluge ordenasse a intervenção das unidades blindadas nas lutas de
aniquilamento. A 17a
DP, que devia cumprir essa missão, não recebeu a ordem a tempo e
continuou seu avanço para o rio Beresina. Kluge, acreditando que se
tratava de um ato de insubordinação de Guderian, fê-lo comparecer
imediatamente no posto de comando, com a intenção de submetê-lo a
um conselho de guerra. Guderian, porém, deu-lhe as explicações
cabíveis e o incidente ficou superado. Manteve-se, contudo, um clima
de profunda divergência entre o impetuoso chefe das forças
blindadas e o veterano marechal.
No
dia 3 de julho, o grosso das forças russas cercadas em Bialistok
capitulou. A luta, porém, prosseguiu em outras frentes menores ao
longo da estrada que vai para Minsk. No dia 9, terminou, finalmente a
batalha. Mais de 300.000 prisioneiros, 2.500 tanques e 1.400 canhões
haviam caído em mãos dos alemães.
As
colunas blindadas, entretanto, haviam continuado seu avanço para o
Dniéper, cujas margens alcançaram no dia 5. Os aviões de
reconhecimento comprovaram que grandes massas russas marchavam do
este, em direção ao rio, onde os alemães se empenhavam em
violentas lutas. Guderian compreendeu no mesmo momento que devia
lançar-se imediatamente ao ataque, com o fim de impedir que os
soviéticos organizassem uma nova e poderosa barreira defensiva atrás
do Dniéper.
Por
sua própria iniciativa, e sem esperar nem receber ordens do
Alto-Comando, Guderian ordenou a seus tanques que vadeassem o Dniéper
e avançassem contra a cidade de Smolensk, na manhã do dia 10 de
julho. Sem demora, as unidades blindadas começaram os preparativos
para pôr em prática a operação. Já haviam aparecido na frente
novas unidades russas e, o que era pior, essas forças contavam com
uma nova arma que surpreendeu os alemães: o tanque médio T-34, em
cuja grossa couraça se perdiam os projéteis antitanque de 47 mm.
Este veículo era nitidamente superior aos blindados alemães.
No
dia 9 de julho, apresentou-se intempestivamente no posto do general
Guderian, o marechal von Kluge que, violentamente, expressou seu
desacordo com o projetado cruzamento do Dniéper pelas forças
blindadas. Na sua opinião, os tanques deviam aguardar nas posições
conquistadas até que se incorporassem as forças de infantaria.
Guderian rebateu energicamente seus argumentos e frisou que os
preparativos para o ataque já estavam em tão adiantado estágio que
não podiam suspender as operações. Von Kluge, enfurecido, teve,
finalmente, que dar seu consentimento ao ataque. Mas, antes de se
retirar, disse, com amargura, a Guderian: - Todas as suas operações
pendem sempre por um fio de seda!
Avanço
no Norte
O
Grupo de Exércitos “Norte”, do marechal von Leeb iniciou suas
operações com um retumbante êxito das unidades blindadas. O 56o
Corpo Blindado, comandado pelo general von Manstein, terminou, na
noite de 21 de junho, sua concentração nos bosques situados sobre a
fronteira. Sem deter sua marcha, os tanques de Manstein arremetiam a
toda velocidade para a cidade de Dunaburgo, a fim de capturar
intactas as pontes que, naquela localidade cruzam o rio Duína.
Combatendo encarniçadamente, os blindados alemães, abriram caminho
através das unidades russas que se opunham ao avanço. Finalmente,
às 8:00 do dia 26 de junho, os tanques de vanguarda da 8a
divisão blindada, penetraram inesperadamente em Dunaburgo e, com um
golpe audacioso, tomaram as pontes. Em quatro dias, e sem deixar de
combater, os blindados de Manstein haviam percorrido mais de 300 km.
Manstein
apressou-se em continuar o avanço para o norte, a fim de aproveitar
a confusão que sua fulminante penetração havia provocado entre as
forças soviéticas. No entanto, o temerário projeto foi frustrado
por uma ordem imperativa do Alto-Comando. Devia permanecer em
Dunaburgo, guardando as pontes até que se incorporasse o 41o
Corpo Blindado e parte das forças de infantaria do 16o
exército, que ainda se achavam ao sul, combatendo com os russos.
Ao
ficar imobilizado em Dunaburgo, o 56o
Corpo Blindado foi rapidamente atacado por forças russas que
convergiam de todas as direções; contudo, os aviadores russos
fizeram desesperados esforços para destruir as pontes do Duina, mas
chocaram-se contra a barreira do fogo antiaéreo alemão e sofreram
terríveis perdas sem conseguir seu objetivo.
No
dia 2 de julho, os blindados de Manstein se incorporaram às unidades
restantes da 4o
Grupamento Blindado que, conduzida pelo general Hoeppner, deu início
à marcha para Leningrado. O avanço, no entanto, tornara-se muito
mais difícil, pois os russos, aproveitando a pausa de seis dias que
lhes haviam dado a parada dos tanques alemães em Dunaburgo,
haviam-se entrincheirado fortemente ao longo da estrada. Sustentando
violentos combates, a Guarnição de Hoeppner aproximou-se da margem
meridional do lago Peipus.
Hoeppner
decidiu, então, separar novamente suas forças e ordenou a Manstein
que se desviasse para o oeste, a fim de cair sobre as costas das
forças russas que supunha localizados junto ao lago Peipus. As
divisões de Manstein foram, porém, desembocar numa região
pantanosa que bloqueou por completo seu avanço e tiveram que
renunciar à manobra de cerco.
Chegara
o momento de iniciar o ataque em direção a Leningrado, com todos os
elementos blindados da 4a
Guarnição Panzer. O general Hoeppner, porém, dividiu outra vez
suas forças. O 41o
Corpo Blindado continuou o avanço para Leningrado e o 56o
Corpo Blindado de Manstein partiu em direção à estrada que liga
aquela cidade à Moscou. As duas investidas careceram, porém, de
potência para quebrar a obstinada resistência dos soviéticos e o
avanço alemão estacionou.
Os
russos detêm Von Rundstedt
Ao
sul dos pântanos de Pripet, diante do grupo de exércitos de von
Rundstedt, os russos concentraram quatro poderosos exércitos e o
grosso de suas forças blindadas. Era nesse setor da frente que o
Alto-Comando soviético pensava que os alemães iam desenvolver seu
ataque principal. Por esta razão, a 1a
Guarnição Blindada, de von Kleist, ao tentar romper, chocou-se com
uma massa de mais de 2.500 tanques soviéticos.
Os
exércitos russos, comandados pelo hábil general Kirponos, desataram
uma série de violentos contra-ataques sobre a mesma fronteira, pondo
na luta, todas as suas reservas e conseguiram impedir a penetração
alemã até 27 de junho. Nesse dia, Kirponos irrompeu, finalmente, a
sangrenta batalha e avançou paulatinamente com suas dez divisões.
No
dia 30 de junho, as tropas do 17o
exército do general Stulpnagel, conseguiram tomar a cidade de
Lemberg e a resistência russa começou a ceder. Imediatamente, a 1a
Guarnição Blindada redobrou seus ataques, e, no dia 5 de julho,
conseguiu romper as fortificações da linha Stalin, apoderando-se,
no dia 7, da cidade de Berdichev e, no dia 9, de Shitomir. Estas
localidades dominavam a rota de avanço para Kiev. Para esta cidade
marchou velozmente a 13a
divisão blindada.
Nessas
circunstâncias, interveio Hitler e, mediante uma ordem categórica,
proibiu o emprego de tropas blindadas na conquista de Kiev. Dois dias
mais tarde, outras divisões blindadas alemães se aproximaram a
poucos km da cidade e, ali, em cumprimento à ordem do Fuhrer,
detiveram a sua marcha. Perdeu-se, assim, a oportunidade de
conquistar Kiev e vadear o Dniéper por meio de um golpe das unidades
blindadas. Isto teria decisiva influência no futuro desenrolar da
campanha, pois permitiu aos russos construir em torno de Kiev uma
forte posição defensiva que deteve o avanço do Grupo de Exércitos
“Sul”.
De
10 a 14 de julho, os russos realizaram desesperados esforços para
quebrar a cunha introduzida em suas linhas pela 1a
Guarnição Blindada, e lançaram na luta mais de 20 divisões
apoiadas por fortes unidades de tanques. Os alemães, entretanto,
conseguiram finalmente esgotar a potência da investida russa e
começaram a continuação de um movimento de envolvimento para o
sul, a fim de cercar todos os exércitos russos que ainda combatiam
ao oeste do Dniéper.
Dessa
maneira, em princípios de julho de 1941, a Wehrmacht no norte,
centro e sul da URSS, deu por terminada a sua penetração, como
dispositivo defensivo que se estendia ao longo das fronteiras.
Chegava agora o momento de iniciar as batalhas decisivas nas quais
seria aniquilado o grosso dos exércitos russos.
Inglaterra
e Estados Unidos apóiam a Rússia
A
invasão da União Soviética pelos alemães não surpreendeu
Churchill. O líder inglês, já em fins de março de 1941, tinha
chegado à conclusão, baseado nos informes do seu serviço de
inteligência e referentes à crescente concentração das forças da
Wehrmacht no leste da Europa, que Hitler se propunha lançar seus
exércitos em um ataque maciço contra a URSS. Portanto, em 3 de
abril de 1941, enviou uma mensagem a Stalin, por meio de seu
embaixador em Moscou, Sir Sttaford Cripps, colocando-o de sobreaviso
sobre a verdadeira natureza dos deslocamentos das forças germânicas
na Polônia, Romênia e nos Balcãs. Anthony Eden, Ministro inglês
das Relações Exteriores, anexou ao telegrama enviado a Cripps uma
extensa nota que incluía uma frase definitiva: “O que queremos que
eles (os russos) compreendam, é que Hitler propõe-se atacá-los
cedo ou tarde, se puder fazê-lo, e que o fato de se encontrar em
luta conosco não é um obstáculo suficiente para impedi-lo..”
Uma
série de mal-entendidos fez que Cripps entregasse a nota no dia 19,
com considerável atraso. A mensagem chegou às mãos de Stalin, mas
este, por meio de seus subordinados, limitou-se a acusar o
recebimento da nota, sem dar uma resposta concreta. Apesar da
indiferença do líder russo, Churchill resolveu dar os passos
iniciais para concretar uma ação conjunta com os Estados Unidos em
apoio à URSS. No dia 15 de junho de 1941, enviou uma mensagem ao
Presidente Roosevelt, comunicando-lhe seus temores sobre o iminente
ataque alemão à Rússia. Na nota dizia: “Em caso de que esta nova
guerra estoure, nós, certamente, daremos todo o alento e a ajuda que
possamos proporcionar aos russos, seguindo o princípio de que Hitler
é o inimigo que devemos derrotar”. Roosevelt, concordando
inteiramente com os conceitos de Churchill, enviou sua resposta, por
meio do seu embaixador em Londres, John Gilbert Winnat. Este viajou
de Washington até a capital inglesa e no dia 20 de junho
encontrou-se com Churchill, comunicando-lhe que Roosevelt tinha
expressado sua promessa de que se os alemães atacassem a Rússia
daria imediatamente e em forma pública seu apoio a qualquer alerta
que desse o primeiro-ministro inglês, declarando a Rússia como
integrante do conjunto aliado.
Chegamos
assim ao dia 22 de junho de 1941. Nas primeiras horas da manhã,
Churchill recebe a notícia da invasão da URSS pelos alemães. Sem
vacilar, o líder inglês ordenou a seus subordinados que anunciassem
ao país que essa noite, às 21:00, dirigiria uma mensagem sobre os
acontecimentos. Em seu discurso, Churchill não ocultou sua velha
militância anticomunista, dizendo: “Ninguém tem sido um opositor
mais firme ao comunismo do que eu fui nos últimos 25 anos. Não
apagarei uma só palavra das que pronunciei sobre o mesmo. Mas tudo
isso se desvanece ante o espetáculo que agora se está vislumbrando.
O passado, com seus crimes, suas loucuras e suas tragédias se
extingue... Todo homem ou Estado que lute contra o nazismo terá
nossa ajuda. Todo homem ou Estado que marche com Hitler é nosso
inimigo... Essa é nossa política e essa é nossa declaração.
Assim, daremos toda a ajuda que possamos à Rússia e ao povo russo.
Solicitamos a todos os nossos amigos e aliados, de todas as partes do
mundo, que empreendam o mesmo caminho e o sigam como faremos nós,
fiel e inamovivelmente até o fim”.
A
declaração de Churchill não encontrou eco imediato na URSS. Só
alguns parágrafos apareceram no Pravda, sem comentários. O
primeiro-ministro inglês, no entanto, não desanimou ante a fria
acolhida e no dia 7 de julho enviou uma mensagem pessoal a Stalin,
comunicando-lhe que a Inglaterra prestaria toda a ajuda que pudesse
dar à Rússia. Stalin, entretanto, entrevistou-se com o Embaixador
Sttaford Cripps e discutiu com ele a possibilidade de formar um
acordo de ajuda mútua e um compromisso que obrigasse às nações
aliadas e não assinar a paz com a Alemanha, por separado. Churchill
deu imediata aprovação ao projeto de Stalin. A assinatura do acordo
foi realizada em 12 de julho.
ANEXO
O
Plano “Barbarrubra”
O
Fuhrer e comandante-supremo da Wehrmacht. OKW/WFST/Seção L (I) n°
33 408/40. QG do Fuhrer, 18 de dezembro de 1940. Ordem n° 21.
Operação
“Barbarrubra”
A
Wehrmacht alemã deve estar preparada para, inclusive, antes do
término da guerra contra a Inglaterra, aniquilar a URSS no curso de
uma rápida campanha (operação Barbarrubra).
O
exército deverá colocar à disposição deste plano todas as
unidades com que conta, com as limitações impostas pelas
necessidades de manter protegidas contra surpresas as regiões
ocupadas.
A
Luftwaffe se incumbirá de liberar forças tão potentes durante a
campanha do Este, para o apoio do exército e para que se possa
contar com uma rápida evolução das operações terrestres, e se
reduzir ao mínimo os danos contra as regiões da Alemanha oriental e
eliminar os ataques aéreos inimigos. A formação do ponto de
gravidade do Este terminará quando todas as zonas de luta e de
fabricação de armamento, ocupadas por nós, estejam suficientemente
protegidas contra os ataques aéreos, sem que por isto cessem as
ações bélicas contra a Inglaterra, de modo especial contra as suas
vias de abastecimento.
A
ordem de desdobramento contra a URSS será dada por mim, oito semanas
antes que comecem as operações previstas. Os preparativos que
requeiram um prazo de tempo mais longo, no caso de que ainda não
tenham sido previstas, deverão ser estudados a partir de já, e
terminados antes do dia 15 de maio de 1941.
Os
altos-comandos devem começar seus preparativos sobre as seguintes
bases:
1.
Objetivo geral: A massa
do Exército russo destinado à Rússia ocidental deverá ser
aniquilada no curso de ousadas operações, fazendo avançar cunhas
blindadas e impedindo, ao mesmo tempo, a retirada de unidades de
combate para o interior da Rússia. Numa rápida perseguição,
deve-se alcançar uma linha na qual a aviação russa não possa
atacar o território alemão. O objetivo final das operações é a
proteção contra a Rússia asiática, partindo da linha geral
Volga-Arcanjo.
Adolf
Hitler
Distribuição
das forças russas
Fronteira
Russo-finlandesa:
Três
exércitos: 7o,
14o
e 23o,
sob o comando do Tenente-General Popov
Região
do Báltico:
Três
exércitos: 8o,
11o
e 27o,
de reserva sob o comando do General Kuznetsov. Na véspera da
ofensiva alemã, os trabalhos de fortificação não estavam
terminados e o desdobramento dos 13o
e 11o
exércitos não se tinha concluído. Somente uma divisão do 8o
exército e três divisões do 11o
cobriam a fronteira.
Região
Oeste:
Três
exércitos: 3o,
4o
e 10o,
sob o comando do general Pavlov. Os efetivos dos três exércitos se
encontravam ainda em período de instrução e apenas algumas
unidades defendiam a fronteira.
Região
de Kiev:
Três
exércitos: 5o,
6o
e 26o,
sob o comando do general Kirponos. As divisões estavam aquarteladas
a uma distância que oscilava entre 5 e 40 km da fronteira. As
unidades mecanizadas achavam-se ainda mais atrás, entre 40 e 120 km
da fronteira.
Região
de Odessa:
Um
exército: o 9º
Algumas divisões de reserva. Tudo sob o comando do General
Tiuleniev. Diante do dispositivo ofensivo da Wehrmacht, o Exército
Vermelho enfileirava umas 76 divisões de infantaria, 4 divisões
blindadas, 24 de cavalaria e 13 corpos mecanizados (composto de uma
brigada cada um).
Pouco
depois de iniciada a invasão alemã, o alto-comando russo procedeu a
uma nova agrupação de forças. Foram criados três grandes comandos
sob a chefia dos marechais Voroshilov, Timoschenko e Budieni, que,
respectivamente, tomaram a seu cargo a direção dos exércitos
russos no norte, centro e sul do país.
O
vôo de Rudolf Hess
Na
noite de 10 de maio de 1941, o comodoro Adolf Galland, chefe do grupo
de caça 26 da Luftwaffe, recebeu um intempestivo chamado telefônico
do marechal Goering: - Deve levantar vôo imediatamente com todo o
seu grupo! - gritou Goering, do outro lado da linha. - Hess
enlouqueceu e está voando para a Inglaterra, num Messerschmitt 110.
Precisa derrubá-lo!
Imediatamente
Galland transmitiu a seus subordinados ordens para que interceptassem
o aparelho de Hess. As esquadrilhas levantaram vôo e, durante horas,
patrulharam sem resultado o espaço aéreo em torno das costas da
Inglaterra, sem achar o rastro do Messerschmitt. A presa tinha
conseguido escapar.
Hess,
escapulindo com seu avião, ao abrigo da noite, conseguiu alcançar
as costas da Escócia e continuou voando para o interior. Finalmente,
quando acabou o combustível, lançou-se de pára-quedas. O
Messerschmitt, sem controle, entrou em vertiginosa picada e foi
espatifar-se num campo semeado. Um camponês, armado com um ancinho,
foi ao encontro do pára-quedista nazista. Hess, que vestia o
uniforme de piloto da Luftwaffe, entregou-se sem resistência e se
identificou como sendo o Tenente-Aviador “Horn”. Foi conduzido,
rapidamente, a Glasgow, onde , finalmente, foi reconhecido pelas
autoridades militares.
A
notícia da captura de Hess chegou ao conhecimento de Churchill na
tarde de 11 de maio. O Duque de Hamilton, com quem o nazista tinha
pedido uma entrevista, dirigiu-se para a casa onde estava repousando
o primeiro-ministro e comunicou-lhe o extraordinário acontecimento.
Churchill ordenou que Hess fosse condignamente tratado como
prisioneiro de guerra.
Nessa
mesma noite, os funcionários do Foreign Office, entrevistaram-se com
Hess e receberam do dirigente nazista uma insólita declaração.
Havia viajado para a Inglaterra por sua própria vontade, a fim de
atuar como emissário de paz junto aos britânicos. Hitler não tinha
participação nenhuma naquilo.
Em
Berlim, o Fuhrer ordenou aos seus assessores que anunciassem que Hess
havia enlouquecido. A notícia não demorou a ser divulgada por todas
as rádios da Alemanha: “O membro do Partido Nazista Rudolf Hess,
apoderou-se recentemente de um avião, contrariando as estritas
ordens do Fuhrer que o proibiam de voar, em razão da doença de que
sofria, a qual tinha-se agravado nos últimos tempos. No dia 10 de
maio, às 6:00, Hess empreendeu um vôo de Ausburg, e até agora não
regressou...”
Hitler
sem saber, tinha acertado. Em repetidas entrevistas com Hess, os
funcionários ingleses comprovaram evidentes sintomas de alteração
mental. Ao ser examinado por um médico, Hess confessou os estranhos
motivos que o levaram a realizar aquele vôo. Pouco tempo antes, Karl
Haushofer, o célebre geopolítico alemão, havia dito a Hess que, em
repetidas ocasiões, sua imagem lhe surgira em sonhos pilotando um
avião com rumo desconhecido. Hess interpretou estas visões como
sendo uma mensagem que lhe assinalava a missão de voar para a
Inglaterra como emissário de paz...
Evidentemente,
o chefe nazista não se encontrava em seu perfeito juízo. Apesar
disso, sua viagem deu origem a muitas conjeturas em todos os países.
A versão mais aceita foi aquela segundo a qual ele teria ido à
Inglaterra para acertar um acordo que permitisse a Alemanha
concentrar todas as suas forças militares para a invasão da Rússia.
Stalin mesmo acreditou nisto, segundo contou Churchill, quando se
encontrou com ele em Moscou, em 1944.
Proclamação
de Hitler
Povo
alemão:
Neste
preciso momento, realiza-se uma marcha sem precedentes do exército
alemão. A tarefa deste exército é a de salvaguardar a Europa, e,
deste modo, salvar tudo. Por isto, decidi colocar a sorte do povo do
Reich e da Europa, novamente nas mãos de nossos soldados. Para mim
era um passo difícil enviar um embaixador a Moscou a fim de que
fizesse todo o possível para impedir a política de cerco contra a
Alemanha. Tinha a esperança de que, no último momento, seria
possível suprimir a tensão.
Há
aproximadamente 106 divisões russas sobre nossas fronteiras e,
durante semanas, sua infantaria e sua aviação cometeram constantes
violações nas fronteiras da Alemanha, Finlândia e Romênia.
Se
até agora vi-me obrigado pelas circunstâncias a manter,
repetidamente, o silêncio, devo dizer-lhe que chegou o momento em
que suportar mais tempo essa situação, não somente seria uma falta
por omissão, como também um crime contra o povo alemão e, acima de
tudo, contra toda a Europa. Por conseguinte, chegou a hora em que é
necessário empreender a marcha contra essa conspiração
judia-anglo-saxônica e também contra as autoridades semitas do
centro bolchevique de Moscou.
Disto
conclui-se que o nosso dever nessa frente já não é mais de
proteção das próprias terras, senão o d salvaguardar a Europa e
acudir em socorro de todos. Assim, hoje decidi uma vez mais colocar
nas mãos do exército a sorte e o futuro do Reich alemão e de nosso
povo. Que Deus nos ajude nessa luta.
Berlim,
aos 22 dias de junho de 1941. Adolf Hitler
Primeiro
projeto de invasão
Estudo
realizado pelo Estado-Maior alemão, sob a direção do General von
Paulus
Ponto
de partida Azul (exército alemão)
1.
Em primeiro lugar...
aniquilar, mediante rápidas operações e fazendo avançar cunhas
blindadas, as unidades do Exército russo que se encontravam na
Rússia ocidental, e impedir, ao mesmo tempo, que as unidades que
ainda estivessem em condições de intervir na luta pudessem
locomover-se para o interior do país.
Primeiro
objetivo: Ucrânia, Moscou, Leningrado. Ponto de gravidade em direção
à Moscou. Objetivo final: Volga-Arcanjo. Para os russos, são de
decisiva importância Moscou, como centro político, de armamento e
de comunicações; Leningrado como centro de armamento; e a Ucrânia
como celeiro central.
É
incumbência do exército:
(a)
com ajuda das forças
aéreas destruir, em toda a costa, as melhores unidades do Exército
russo. (b) não permitir aos russos mobilizarem toda a sua potência
ofensiva. (c) aniquilar as partes isoladas do Exército russo, antes
que possam organizar uma nova frente
2.
Partir da suposição
de uma tenaz resistência russa, ao atravessar a fronteira.
(a)
por motivos políticos
(b) por motivos militares
3.
Por conseguinte, a
missão que cabe ao exército é a seguinte:
(a)
Concentração de
forças, as mais potentes que for possível, em direção a Moscou
(Grupo de Exércitos Centro). (b) Com relação às duas alas (Sul e
Norte) é necessário coordenar dois objetivos que são divergentes
entre si: Ucrânia e Leningrado. O Grupo de Exércitos Sul ficará
separado durante a primeira fase do ataque ao Dniéper pelos pântanos
de Pripet.
Ponto
de partida Vermelho (exército russo)
Baseia-se
exclusivamente em suposições.
Totalidade
das forças russas (supostas): um total de 185 divisões de
fuzileiros, 50 brigadas blindadas e motorizadas, aproximadamente 20
das quais estão na fronteira finlandesa; no Extremo-Oriente,
aproximadamente 25; no Cáucaso e Oriente-Próximo, umas 15 divisões.
Restam na frente alemã umas 175 unidades: 125 divisões de
fuzileiros e 50 brigadas blindadas e motorizadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário