sexta-feira, 7 de outubro de 2016

100.000 japoneses cercados em Rabaul

Ofensiva Aliada no Pacífico

100.000 japoneses cercados em Rabaul
Luta na Nova Guiné - Ataque a Lae
Luta na Nova Bretanha - Desembarque em Cabo Gloucester


Enquanto o avanço das forças americanas se desenvolvia no arquipélago das Salomão, sob a condução do Almirante Halsey, na Nova Guiné as tropas aliadas, seguindo as diretivas do plano traçado por MacArthur, iniciaram o seu deslocamento para o norte. Os objetivos destes dois movimentos (nas Salomão e em Nova Guiné) consistiam em eliminar o grande reduto japonês de Rabaul, situado na ilha de Nova Bretanha. O avanço convergente permitia às forças aliadas aproximar suas unidades aéreas, até colocar Rabaul dentro do seu raio de ação. A base japonesa seria então submetida a bombardeios devastadores.

Na zona da Nova Guiné, o objetivo principal era a conquista das posições japonesas localizadas no golfo e na península de Huon, situados frente à Nova Bretanha. Uma vez conseguido o controle dessa região, as forças americanas poderiam lançar-se ao assalto desta última ilha. Para cobrir o avanço para Huon e dar, ao mesmo tempo, apoio aéreo às operações que o Almirante Halsey realizava nas Salomão, decidiu-se ocupar em primeiro lugar as pequenas ilhas de Woodlark e Kiriwina, que se achavam convenientemente situadas, para nelas construir-se aeródromos de utilidade incontestável nas ações previstas.

Apesar da ocupação dessas ilhotas não encontrar oposição inimiga, pois, ali não existiam forças japonesas, a operação constituiria uma importante experiência destinada a comprovar a efetividade das técnicas de desembarque que seriam utilizadas posteriormente.

O desembarque nas duas ilhas iniciou-se ente 23 e 24 de junho de 1943. Destacamentos avançados de engenharia alcançaram as praias e iniciaram os preparativos para facilitar a chegada do grosso das forças. A 30 de junho, 2.500 soldados desembarcaram em Kiriwina e um número semelhante em Woodlark. Imediatamente iniciou-se a construção de pistas de aterrissagem, que se tornaram praticáveis em meados do mês de julho. A este primeiro “salto” somou-se outro, realizado diretamente sobre a costa da Nova Guiné. Come;cara a marcha rumo à grande base de Lae, no golfo de Huon.

Uma força integrada por 740 homens desembarcou na baía de Nassau. A operação foi levada a cabo em meio a violentíssima ressaca marinha, e a totalidade das embarcações ficaram gravemente danificadas. Os soldados conseguiram, no entanto, chegar à costa, em meio ao temporal. As peças de artilharia, morteiros e quase toda a munição se perderam, tragados pelo mar.

As tropas americanas estabeleceram contato com as japonesas e, sustentando renhidos combates, marcharam para o interior, deslocando-se pela selva, para unir-se a unidades australianas. A aviação aliada, em todos os instantes, prestou apoio aéreo intenso, tanto no campo direto da luta como por meio de incursões contra as forças japonesas localizadas mais ao norte.

Recebendo suprimentos pelo ar, os americanos e australianos avançaram gradualmente em direção a Lae. No caminho para essa base interpunha-se outro grande reduto japonês: o de Salamaua. MacArthur planejara deixar de lado este último reduto, franqueando-o pelo mar, para evitar um choque frontal com os japoneses. Desembarcaria, então, diretamente em Lae. Simultaneamente com a concretização desse desembarque, faria um lançamento de pára-quedistas, 30 km terra adentro de Lae. Desta forma, os japoneses ficariam com a retaguarda cortada.


Ataque a Lae

Em meados do mês de agosto, os Aliados empreenderam uma ofensiva aérea preliminar ao ataque contra Lae. Era uma ação destinada a assegurar a absoluta supremacia aérea em toda a zona de batalha. Para facilitar a operação, levou-se a cabo, previamente, a construção de um aeródromo avançado, no meio da selva, próximo a Lae. Esta pista, construída com materiais transportados integralmente por via aérea, converteu-se no trampolim dos demolidores ataques contra os grandes aeroportos situados na costa norte da Nova Guiné. Durante o período de construção da base, que seria utilizada pelos caças e como campo de aterrissagem de emergência para bombardeiros médio, a aviação aliada evitou cuidadosamente atacar o grande aeródromo japonês de Wewak e suas pistas satélites de But, Daagua e Borum.

Este estratagema tinha como finalidade alentar os japoneses a concentrar seu poderio aéreo na citada base, a fim de poder ataca-los e destruir a massa da aviação japonesa com um só golpe demolidor. O truque surtiu efeito. Os japoneses reuniram em Wewak e nos aeródromos satélites várias centenas de caças e bombardeiros.

Então, na noite de 16 de agosto de 1943, a aviação aliada lançou-se ao ataque com todos os seus efetivos. As repetidas incursões atingiram o resultado previsto. Mais de 200 aparelhos japoneses foram destruídos em terra, em ataques rasantes. Muitos outros foram derrubados no ar, no curso de ininterruptos e encarniçados combates que se prolongaram até fins do mês de agosto. Nessa data iniciou-se a ofensiva aérea de apoio direto ao desembarque em Lae. Os ataques adquiriram então ainda maior intensidade. Os Beaufighter australianos e os B-25 americanos concentraram suas incursões sobre a navegação japonesa, afundando dezenas de barcaças que conduziam suprimentos e reforços para Nova Guiné. A 2 de setembro, as esquadrilhas de B-25, escoltadas por caças P-38, levaram a cabo uma incursão devastadora contra Wewak. Aproximando-se a uma altura de 30 metros, os Mitchell canhonearam, metralharam e bombardearam os barcos ancorados no porto dessa base. Essa fase do programa ficou, pois, cumprida. O poder aéreo japonês, praticamente, fôra eliminado. Nas primeiras horas da madrugada de 4 de setembro, a força anfíbia de maior envergadura jamais vista até então no sudoeste do Pacífico se aproximou das praias de Lae conduzindo, a bordo de centenas de embarcações, os soldados da 9a Divisão australiana. No ar, as esquadrilhas iniciaram os seus mergulhos para a terra, para pulverizar as defesas inimigas. No mar, paralelamente, os destróieres se aproximaram da costa e descarregaram os seus canhões contra os objetivos inimigos. Às 6h30 chegaram em terra os primeiros soldados australianos. Em corrente incessante foram desembarcando na praias as forças restantes, juntamente com canhões, veículos e equipamentos de todos os tipos. Em menos de quatro horas, mais de 7.800 soldados, com todo o seu equipamento chegaram a terra.

A força aérea japonesa tentou sair ao encontro do ataque aliado, lançando na batalha os aviões que haviam se salvado do ataque prévio. No entanto, essa ação foi frustrada pela atuação das esquadrilhas de caças P-38 e P-47. Alguns bombardeiros de mergulho e torpedeiros, apesar de tudo, conseguiram infiltrar-se através das defesas e atingiram dois destróieres e duas LST, causando muitas baixas entre as tripulações. As embarcações não chegaram, porém a afundar. No dia seguinte, enquanto as tropas australianas consolidavam suas posições, efetivou-se um ataque de pára-quedistas numa planície situada a 30 km a oeste de Lae.

Partindo de suas bases no sul de Nova Guiné, 84 bimotores C-47, transportando 1.700 homens do 503o Regimento e Pára-quedistas americano, com equipamento completo, e depois de sobrevoar a cordilheira que corre através da ilha, aproximaram-se do objetivo escoltados por 100 caças. À frente da gigantesca formação aérea voavam seis esquadrilhas de bombardeiros B-25 providos de oito metralhadoras de 12.7 mm no nariz. Os aparelhos metralharam o terreno, enquanto outros bombardeiros lançavam cortinas de fumaça para acobertar a descida dos pára-quedistas.

Voando a grande altura, numa Fortaleza-Voadora, o General MacArthur presenciou o lançamento realizado com precisão matemática. Às 9h48 os pára-quedistas foram alertados e 20 minutos depois, as luzes vermelhas de alerta foram acesas. Às 10h22, o primeiro pára-quedista se lançou no espaço. Em sucessão rápida, os demais combatentes pousaram em terra, assim como suas armas e equipamentos. Em terra, não encontraram praticamente nenhuma oposição. Diversas patrulhas foram enviadas para estabelecer contato com as tropas australianas, que avançavam pelas matas do interior. Iniciou-se, também, a construção de uma pista de aterrissagem. Foi uma obra realizada com incrível rapidez, facilitada pelas condições do terreno, plano e sem obstáculos. Nas primeiras horas do dia seguinte aterraram no improvisado aeródromo os aviões de transporte que conduziam os soldados da 7a Divisão australiana. Uma semana depois, mais de 300 aviões haviam chegado à pista. Desta forma pôde ser montado um ataque convergente sobre Lae.

Arrasando a resistência japonesa, as 7a e 9a Divisões australianas ocuparam aquele reduto no dia 16 de setembro. A base de Salamaua, situada mais ao sul, fôra ocupada, nesse meio tempo, a 13 de setembro, por forças americanas e australianas.

Prossegue a ofensiva

A rápida queda de Lae e Salamaua permitiu a MacArthur adiantar os planos do avanço posterior rumo ao norte. O próximo “salto” seria dado contra o reduto japonês de Finschhafen, situado na costa da península de Huon.

Um pequeno grupo explorador partiu com a missão de estudar as características da costa, porém sua atuação foi impedida pelos japoneses. Tampouco se conseguiram fotografias aéreas adequadas das praias. Apesar disso, decidiu-se levar adiante o ataque.

O desembarque efetuou-se a 22 de setembro, às 4h45, precedido por um violento bombardeio aeronaval. Os efetivos da 9a Divisão australiana alcançaram finalmente as praias e estabeleceram sem maiores dificuldades uma cabeça-de-ponte. O terreno, felizmente, não oferecia obstáculos. Ao fim de sete horas já estavam em terra firme 5.300 soldados com todo o seu equipamento.

Depois de completar o desembarque de tropas e material, o comboio de assalto levantou âncora e se dirigiu às suas bases no extremo oriental da Nova Guiné. Prevendo a reação da aviação japonesa, os Aliados mantiveram uma forte escolta de caças sobrevoando o comboio. Desta forma, a concentração de navios atuaria como isca para atrair os bombardeiros japoneses. O plano deu o resultado esperado. Poucas horas depois, os radares detectaram a aproximação de uma forte formação inimiga.

Cerca de 30 bombardeiros e 40 caças japoneses integravam a força de ataque. Alguns torpedeiros, que se aproximaram do comboio voando na crista da onda, não puderam ser detectados e se lançaram sobre os barcos. Porém, a barreira antiaérea levantada pelos destróieres da escolta conseguiu abater todos eles, sem que se conseguissem acertar nenhum alvo. No alto, os P-38 conseguiam, por sua vez, uma vitória esmagadora. Em menos de uma hora derrubaram 10 bombardeiros e 29 caças japoneses, contra a perda de apenas três aviões aliados.

Em Finshhafen, as operações se desenvolviam satisfatoriamente, apesar da intensa resistência inimiga. O avanço se tornou extremamente lento, pois os japoneses, com sua costumeira tenacidade, defendiam o terreno palmo a palmo, até serem aniquilados. Os veteranos australianos após 10 dias de luta renhida, conseguiram alcançar o objetivo.

A 2 de outubro, Finschhafen foi ocupada depois de uma feroz batalha corpo a corpo. A ofensiva continuou na península de Huon com um avanço através da selva rumo ao norte. Os australianos marcharam perseguindo os japoneses que se retiravam pelo vale do rio Ramu. Através das montanhas e dos pantanais, as tropas aliadas se deslocaram com dificuldade, açoitadas pelas chuvas, abrindo caminho a machado. O abastecimento das colunas se efetuava por via aérea. Em virtude disso, os destacamentos de engenharia que acompanhavam as tropas se viram obrigados a construir uma série de pistas improvisadas no meio da floresta. Desta forma, instalou-se nas profundezas do vale do rio Ramu uma base aérea avançada, que não somente atuou como centro de abastecimentos das tropas australianas, como também se converteu em base de operações dos aviões de combate. Nos primeiros dias de novembro, dali iniciou suas incursões uma esquadrilha de caças P-40. Assim, as operações na Nova Guiné permitiram a MacArthur entrar na posse de uma cadeia de bases avançadas para controlar o espaço aéreo sobre a costa ocidental da ilha de Nova Bretanha, onde se realizaria o próximo desembarque.

Operações contra Rabaul

Ao aproximar-se o fim do ano de 1943, a dupla ofensiva iniciada pelas forças aliadas aproximavam-se também da sua culminância. O objetivo era neutralizar o grande centro de Rabaul. As tropas de Halsey, nas Salomão, depois de conquistar o grupo de ilhas de Nova Geórgia, empreenderam o ataque contra Bougainville, última escala na sua marcha ascendente para Rabaul. A fim de apoiar essa operação, a 5a Força Aérea americana, que servia sob as ordens de MacArthur na Nova Guiné, iniciara em meados de outubro uma série de violentas incursões contra Rabaul. Esquadrilhas de bombardeiros e caças submeteram a base japonesa a uma seqüência de ininterruptos ataques que se prolongaram até as primeiras semanas de novembro. Posteriormente, as forças de porta-aviões que operavam nas águas das Salomão somaram-se também à ofensiva aérea. Os aparelhos dos porta-aviões que operavam nas águas das Salomão somaram-se também à ofensiva aérea. Os aparelhos dos porta-aviões Saratoga e Princeton apoiados pelas esquadrilhas dos novos porta-aviões Essex, Bunker Hill e Independence e por aviões do exército, descarregaram novos e violentos ataques. Desta forma, Rabaul foi praticamente neutralizada. Para reforçar definitivamente a eliminação de Rabaul como centro ativo, montou-se a denominada operação Dexterity. Esse plano previa a ocupação de bases na costa ocidental da Nova Bretanha, que permitiriam aos Aliados dominar ambas as margens do estreito que separava esta ilha da Nova Guiné. Rabaul, então, situada no extremo oriental da Nova Bretanha, estaria praticamente cercada. Para realizar esta operação, organizou-se uma força chamada Álamo, que efetuaria um desembarque na zona do Cabo Gloucester, coberto por bosques e selvas pantanosas. Nesse ponto existia um aeródromo japonês que tinha que ser capturado.

A força Alamo era integrada pela 1a Divisão de Marines, comandada pelo General Rupertus, e pela 32a Divisão de Infantaria do Exército, que seria mantida de reserva. Além do desembarque no Cabo Gloucester, seria realizado, a pedido da Marinha, outro desembarque na costa meridional da ilha de Nova Bretanha, na península de Arawe, para ali instalar uma base de lanchas torpedeiras. Este último ponto seria ocupado por 1.700 soldados do 112o Regimento de Cavalaria.

O bombardeio da zona ocidental da Nova Betanha, destinado a preparar o caminho da invasão, se iniciou a 13 de novembro. As esquadrilhas com base na Nova Guiné atacaram violentamente as posições dos japoneses. Bombardeiros B-25, munidos de canhões de 75 mm na proa, atacaram, em vôo rasante, o aeródromo de Cabo Gloucester, arrasando as instalações. Mediante essa ofensiva aérea, que alcançou uma intensidade ate então nunca vista no Pacífico sul, preparou-se o terreno para o desembarque dos marines. A zona de invasão ficou praticamente isolada pelo bloqueio aéreo às linhas de abastecimento, alimentadas por barcaças.

A 15 de novembro iniciou-se o desembarque em Arawe. As tropas que desembarcaram na península encontraram uma resistência tenaz. A primeira leva de assalto caiu sob o fogo cruzado de canhões e metralhadoras e 12 de suas 15 embarcações foram afundadas. Ante o desastre, o chefe da operação ordenou deter o ataque e realizar um novo e intenso bombardeio aéreo para “amaciar” as posições inimigas. Uma segunda tentativa de desembarque, então, teve o êxito esperado. As tropas atingiram as praias em veículos blindados anfíbios, apoiados por embarcações lança-foguetes, e estabeleceram uma cabeça-de-ponte.

Enquanto se concretizava o desembarque em Arawe, a aviação intensificava o ritmo dos ataques contra o Cabo Gloucester. Dia e noite, os bombardeiros martelavam com chuvas de projéteis as posições inimigas. A 24 de dezembro, véspera de Natal, a aviação realizou o esforço máximo: sete esquadrilhas de bombardeiros efetuaram mais de 280 ataques na zona do Cabo Gloucester.

Para defender esta posição, os japoneses contavam com uns 10.000 soldados, comandados pelo General Iwao Matsuda. O grosso desta força estava concentrado em torno do aeródromo do Cabo Gloucester.

Na madrugada de 25 de dezembro, a frota que conduzia os marines zarpou da costa da Nova Guiné e rumou para o objetivo. Às 6 horas da manhã do dia seguinte, iniciou-se o desembarque. Dois cruzadores e oito destróieres descarregaram seus canhões contra as posições que defendiam a praia. A este fogo acrescentou-se o de duas embarcações lança-foguetes.

As tropas de assalto, integradas pelos fuzileiros do 7o Regimento, tocaram as praias sem oposição. A zona não era defendida, pois a poucos metros da costa se alongava um extenso pântano que servia de “defesa natural”. O chefe japonês, convencido de que os americanos não desembarcariam nesse setor, concentrara suas defesas nos flancos do pantanal.

A força de marines internou-se então, às cegas, nesse mar de lama. Ao cair na arapuca natural, o avanço dos fuzileiros se tornou terrivelmente lento, caminhando com grande dificuldade, com água e lama até o peito.

Contra-ataque de Matsuda

Depois de várias horas de marcha extenuante, as unidades da vanguarda dos marines apenas haviam conseguido penetrar 1.200 jardas para o interior da ilha. O General Matsuda, ao receber os informes do avanço inimigo através do pântano, emitiu rapidamente ordens para o contra-ataque. De acordo com seus cálculos, a situação apresentava-se muito propícia, pois poderia aniquilar os marines num rápido ataque pelo leste e pelo oeste, numa manobra de pinças.

Ao cair da tarde, os esgotados fuzileiros viram-se abrigados a deter a progressão. Os chefes das colunas deram ordem de entrincheiramento, ordem muito difícil de ser cumprida, dadas as condições alagadiças do terreno. Em pouco tempo desabou uma forte tormenta tropical, acompanhada de densa chuva e vento, circunstância que tornou ainda mais difícil a situação dos soldados. Nesse momento explodiram sobre eles os primeiros projeteis disparados pelos morteiros japoneses. O contra-ataque de Matsuda se iniciara.

Dando vivas ao Imperador (Banzai) os combatentes japoneses se lançaram a baioneta, sobre as posições dos marines. Estes os receberam com o fogo cerrado dos seus fuzis e metralhadoras. Estabeleceu-se uma encarniçada luta corpo a corpo no meio do pantanal. As linhas americanas corriam o risco de serem superadas pelas fanáticas cargas dos japoneses. Nessa situação crítica, o fogo certeiramente dirigido de uma bateria de morteiros, conseguiu desbaratar o ataque japonês. O combate, porém, prosseguiu até o nascer do sol, com uma série de sangrentas escaramuças.

Ao despontar o dia, os marines contaram mais de 200 cadáveres de soldados japoneses e 25 mortos e 75 feridos eram as baixas americanas.

Enquanto o 7o Regimento mantinha essa ação, o 1o se internava em direção ao aeródromo. A uma distância de uma milha da pista, os marines depararam com uma cadeia de casamatas feitas de troncos e artilhadas com canhões de 75 mm. Quatro tanques Sherman, então, se adiantaram e castigaram com o fogo de suas peças os redutos japoneses, destruindo-os. Os efetivos japoneses, em sua maior parte, pereceram na ação. Alguns sobreviventes conseguiram fugir através da floresta. Um cabo japonês, no entanto, foi capturado com vida. Ao ser interrogado, declarou que o aeródromo estava defendido por milhares de homens. Este fato decidiu o General Rupertus a suspender o ataque que planejava levar a cabo nesse mesmo dia, até receber o reforço do 5o Regimento de marines. Esta unidade desembarcou na manhã seguinte, 29 de dezembro, nas praias do Cabo Gloucester. A ação decisiva, então contra a aeródromo, teve início. Apoiados pelo fogo da artilharia e liderada por tanques Sherman disparando seus canhões e metralhadoras, os marines irromperam no perímetro do aeródromo. Para surpresa dos americanos, ele estava deserto. A guarnição japonesa, composta de mais de 3.000 soldados, se havia retirado para uma cadeia de colinas selvagens situadas ao sul do aeródromo.

À uma hora da tarde de 30 de dezembro, o General Rupertus enviou o informe da vitória ao General Krueger, comandante-chefe da força Álamo. A mensagem dizia: “A 1a Divisão de Marines oferece como um presente adiantado de Ano Novo o aeroporto de Cabo Gloucester. A situação está controlada devido ao espírito de luta de nossas tropas, à costumeira boa sorte dos marines e à ajuda de Deus”.

A 3 de janeiro de 1944, os batalhões de engenharia começaram a reconstrução da base aérea, destroçada pelos Aliados. Sua tarefa, porém, foi muito dificultada pelas intensas chuvas.

Depois da conquista do aeroporto, a luta se estendeu para o interior da ilha, onde ocorreram sangrentos choques entre as unidades de fuzileiros e as tropas japonesas. Os americanos tiveram que enfrentar não só o inimigo japonês mas também as terríveis condições da selva. Os pântanos, verdadeiras armadilhas mortais, dificultaram incrivelmente o avanço dos homens. As colunas marchavam em direção a Aogiri, onde os japoneses se haviam alojado numa forte posição, Essa elevação do terreno, situada ao sudoeste do Cabo Gloucester, no meio da floresta, contava com uma intrincada rede de fortificações; 37 casamatas conectadas entre si por túneis subterrâneos empresavam à posição o caráter de inexpugnável.

Os marines não podiam flanquear a colina e, obrigatoriamente, tinham que enfrentar o inimigo e destruí-lo. Sob o comando do Tenente-Coronel Walt, os marines se lançaram ao assalto, na manhã de 8 de janeiro de 1944. Trepando pelas ladeiras, os combatentes enfrentaram o fogo inimigo, que, paulatinamente, aumentou de intensidade. Pouco mais tarde, a violenta reação japonesa conseguiu deter o avanço dos americanos. Em seguida, em trágica sucessão, dezenas de fuzileiros tombaram, abatidos pela metralha japonesa. Por fim, o ataque foi destroçado pela defesa inquebrantável dos japoneses.

Ao fim da jornada, os marines estavam de novo no pé da colina, no ponto de partida. Muitos deles feridos, outros esgotados pelo esforço, e os restantes desmoralizados pelo fracasso do ataque. O Coronel Walt, percorrendo as fileiras de seus homens, comprovou que o poder combativo de suas unidades diminuíra consideravelmente. Contudo, era preciso levar adiante o ataque contra o monte Aogiri.

Na manhã seguinte, os marines se lançaram novamente ao assalto. Subindo pelas ladeiras cobertas de vegetação, alvejados continuamente pelos atiradores japoneses que se escondiam no alto, os homens de Walt avançaram com muita dificuldade. Muitos combatentes americanos, atingidos pelo fogo japonês, caíram para não mais levantar-se. Walt ordenou, então, que um canhão de 37 mm fosse transportado para a zona de combate. Este se uniu aos homens que penosamente o arrastavam ladeira acima. Colocada a peça em posição, abriu-se fogo imediatamente, utilizando projéteis de metralha. Conseguiu-se, então, aniquilar as casamatas inimigas.

Vitória americana

Os fuzileiros, ao apoderar-se da colina Aogiri, se entrincheiraram para enfrentar o iminente contra-ataque japonês. Este não se fez esperar. À meia-noite, em meio do silêncio da selva, um lúgubre coro se elevou das linhas japonesas. As ásperas vozes de dezenas de soldados japoneses em tom monocórdio, repetiam várias vezes: “Marines... prepare to die... Marines...prepare do die (Fuzileiros... preparem-se para morrer...”). Os combatentes, recarregando suas armas, se mantiveram prontos em seus postos de combate. À uma da madrugada, com enorme alarido, os japoneses atacaram. Os americanos, imediatamente, desencadearam um violentíssimo fogo contra os efetivos japoneses que avançavam correndo. As duas primeiras levas de atacantes foram exterminadas até o último homem.

Os japoneses, no entanto, haviam recebido ordens de retomar a colina ou morrer. Em conseqüência, novas massas de homens se somaram ao assalto. As posições americanas, assediadas sem descanso, corriam o risco de serem derrotadas. O Coronel Walt enviou então uma mensagem à retaguarda, requerendo a intervenção da artilharia de apoio de 105 mm. Desdenhando as objeções dos chefes das baterias, ordenou que os projéteis fossem disparados a 50 jardas adiante das linhas americanas. Era preciso correr o isco e o Coronel Walt aceitou o desafio. Instantes depois, as primeiras granadas da artilharia começaram a cair e explodir a poucos metros das posições defendidas pelos marines. Assim, a terceira onda de atacantes japoneses foi praticamente pulverizada por um dilúvio de projéteis de grosso calibre. A carnificina, contudo, não arredou os japoneses. Co seu chefe à frente, brandindo uma espada samurai numa das mãos e uma pistola na outra, os japoneses se lançaram ao assalto numa quarta leva. O fogo da artilharia, novamente, frustrou o ataque. Centenas e centenas de japoneses tombaram mortos ou feridos, assim como seu chefe. Walt, então, preparou-se para resistir à última investida. As metralhadoras dos fuzileiros estavam praticamente com as munições esgotadas; rapidamente, numerosos combatentes forame enviados à retaguarda, a fim de transportar para a primeira linha as necessárias caixas de projéteis. Na linha de frente americana, enquanto isso, o Coronel Walt, junto com seus homens, observava as vizinhas posições japonesas. Os americanos não viam os japoneses; era outra vez o lúgubre: “Marines... preparem-se para morrer...”.

Poucos minutos depois de terem partido correndo para a retaguarda, os primeiros homens transportando as caixas de balas, voltaram à linha de frente. Um instante mais tarde, em meio aos característicos estridentes alaridos, os japoneses se lançaram ao assalto. As metralhadoras americanas, disparando sem descanso, varreram as fileiras dos atacantes. O quarto assalto japonês fracassara também.

Em seguida, as forças americanas empreenderam o ataque ao último grande reduto japonês: a colina 660, situada a poucos quilômetros ao sul da colina Aogiri.

Um batalhão do 7o Regimento de Marines trepou pelas ladeiras que tinham uma inclinação de mais de 45 graus, sob a metralha inimiga, disparando furiosamente. Detidos finalmente pelos canhões de 20 mm, os americanos tiveram o seu avanço paralisado. Um destacamento de tanques leves incumbiu-se de cobrir com o fogo de suas peças a retirada dos marines. Na manhã seguinte, 14 de janeiro de 1944, os fuzileiros voltaram a atacar pelo flanco, através de um setor da colina fracamente defendido. Conseguiram, depois de encarniçada luta, apoderar-se da posição. A resistência japonesa cessou, então, em toda a zona próxima ao Cabo Gloucester. A segurança desta base ficou, portanto, consolidada.

A 10 de fevereiro, a campanha na extremidade ocidental da Nova Bretanha encerrou-se, quando estabeleceram contato as patrulhas americanas, procedentes da península de Arawe, pelo sul, e os fuzileiros do Cabo Gloucester, pelo norte.

A luta, porém, continuou, na perseguição dos elementos japoneses fugidos rumo ao leste. O objetivo principal, no entanto, fôra atingido.

À vitória na Nova Bretanha acrescentou-se a conquista das ilhas do Almirantado, situadas ao norte de Rabaul. A ocupação destas ilhas foi o ponto final da campanha, pois bloqueou definitivamente todas as forças japonesas que ainda restavam nas ilhas Bismarck e nas Salomão. Mais de 100.000 soldados japoneses permaneceriam ali, sem possibilidade de escapar, até o fim da guerra.


Anexo

Bombas sobre a Nova Guiné
O general George Kenney, chefe da 5a Força Aérea americana durante a campanha da Nova Guiné, relata o ataque de seus bombardeiros aos aeródromos japoneses dessa ilha.
Pouco antes da saída do sol, a 17 de agosto de 1943, iniciou-se o grande ataque contra os aeródromos de Wewak; 40 B-324 e 12 B-17 arrasaram as bases japonesas em But, Borum, Dagua e Wewak com 200 toneladas de bombas. Dois dos nossos B-24 perderam-se na incursão e outro B-24 aterrissou na costa sul da Nova Guiné com quatro tripulantes mortos a bordo. Informou-se ao término do ataque que o fogo antiaéreo em Wewak fôra extremamente intenso e certeiro. Duas horas mais tarde, 33 B-25, juntamente com 83 P-38 de escolta, efetuaram um ataque simultâneo contra Borum, Wewak e Dagua; 16 B-25, destinadas a bombardear a base de But, defrontaram-se com péssimas condições climáticas e não conseguiram alcançar o objetivo. O Tenente-Coronel Don hall guiou o ataque dos B-25 contra Borun.
Aproximando-se, quase raspando as copas das palmeiras, Don avistou uma cena que o encheu de satisfação. Os bombardeiros japoneses, mais de 60 aparelhos, estavam alinhados de ambos os lados da pista, com seus motores em movimento e as tripulações a bordo. Grupos de mecânicos estavam também junto aos aviões. Os japoneses já iniciavam a decolagem e o avião-guia estava na metade da pista, começando a se elevar do solo. Num campo ao lado, 50 caças japoneses esquentavam seus motores, prontos para empreender vôo, escoltando os bombardeiros. O Tenente-Coronel Hall deu a ordem para atacar; sua primeira descarga fez voar em pedaços o avião-guia, no instante em que decolava. Seus restos caíram sobre a pista, bloqueando-a por completo. A formação de B-25 passou como um furacão sobre o aeródromo. A dupla linha de aviões japoneses foi quase que instantaneamente envolvida pelas chamas, ao ser atingida pelo dilúvio de projéteis incendiários disparados por mais de 200 metralhadoras calibre 50. As peças antiaéreas foram arrasadas, os tambores de gasolina empilhados junto à pista, explodiram, desprendendo enormes colunas de fogo. Nesse inferno de explosões e debaixo da chuva de balas, sucumbiram, sem possibilidade de escapatória, tripulantes e mecânicos. Destruímos os bombardeiros no momento exato. Cinco minutos depois, e os japoneses teriam levantado vôo para atacar nossa base em Marilinan.
Wewak sofreu a mesma sorte. Trinta caças japoneses esquentavam os motores para decolar, quando 12 B-25 os atacaram de surpresa. Repetimos ali a destruição conseguida em Borum. Apenas três B-25 bombardearam Dagua, porém novamente a surpresa rendeu os seus dividendos. Mais de 20 aviões inimigos foram destruídos, e pelo menos igual cifra acabou gravemente avariada.
Soubemos mais tarde que os japoneses denominaram essa jornada como o “dia negro de 17 de agosto” e que perderam mais de 150 aviões, junto com quase toda as suas tripulações, e cerca de 300 homens do pessoal da manutenção. Todos os nossos bombardeiros e caças regressaram às suas bases”.


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Ilha de Manus, a 320 km ao norte de Nova Guiné. Fevereiro de 1944. Os destróieres americanos ocupam suas posições de fogo de apoio e começam a disparar sobre as praias e zonas vizinhas, ocupadas pelos japoneses. Imediatamente, os destróieres incumbidos do transporte de tropas, arriam as barcaças de desembarque. Os homens descem pelas redes e ocupam os lugares distribuídos de antemão. Com um rugido de motores, as lanchas avançam para as praias. Quando as embarcações se encontram a algumas centenas de metros da costa, as metralhadoras japonesas abrem fogo. Como respondendo a uma ordem, os canhões costeiros começam a disparar sobre os americanos.
Escapando aos disparos, as embarcações continuam aproximando-se. Quando as lanchas encalham na areia, os homens pulam fora e ganham as proteção de troncos caídos e da dunas de areia. Os japoneses, por sua vez, silenciando o fogo das suas armas, retiram-se precipitadamente, ocultando-se na floresta. As metralhadoras das barcaças, duas de calibre 30 em cada lancha, varrem a espessura protegendo os combatentes que continua desembarcando.
Os homens saltam das lanchas, correm, lançam-se ao solo, arrastam-se, voltam a levantar-se, e correm até o próximo refúgio. Carregam o pesado equipamento de campanha e progridem dificilmente. Um do homens porém, leva nas mãos, como única arma, uma máquina fotográfica. E a utiliza sem cessar. Homens que correm, que saltam das lanchas, que caem feridos, tudo fica registrado na câmara da máquina fotográfica. É mais um combatente, porém sua arma não fere, nem mata. Ela se limita a registrar cada cena que ocorre. É um correspondente de guerra. Mas os grandes jornais do mundo, os semanários e as revistas ilustradas jamais terão suas fotos nem suas notas. Porque é um correspondente do “Yank”. O “Yank” é o semanário oficial do Exército dos Estados Unidos. A publicação, impressa nos Estados Unidos, Panamá, Trinidad, Porto Rico, Inglaterra, Austrália, ilhas do Havaí, Egito, Índia e no Irã, é distribuída em todos os lugares do mundo onde haja soldados americanos. “Yank” é a única publicação militar, escrita, editada e impressa por soldados. Estes, que na vida civil eram repórteres, fotógrafos ou redatores, hoje desempenham as mesmas tarefas em benefício dos seus companheiros de armas.
O primeiro número do “Yank” apareceu em junho de 1942. Começou publicando-se exclusivamente nos Estados Unidos, porém poucos meses depois uma nova edição começou a ser editada na Inglaterra. Posteriormente, sucessivas edições foram sendo publicadas em diferentes locais, até cobrir todos os setores onde houvesse soldados americanos.
O Yank publica crônicas das diversas frentes, caricaturas, notícias relacionadas com a situação militar e, em geral, tudo o que possa ser de utilidade informativa para os homens que lutam longe dos seu lares.
Transcrevemos a seguir a crônica do desembarque na ilha de Manus, extraída de uma edição do Yank:
Quando nos aproximamos do canal, os homens da marinha que estavam na proa nos gritaram que baixássemos as cabeças, se não quiséssemos perde-las. Agachamo-nos mais, esperando e maldizendo.
Sentimos um silvar sobre nossas cabeças; era o fogo das metralhadoras inimigas. A nossa frágil lancha de desembarque estremeceu toda quando os artilheiros navais responderam com as peças de calibre 30 montadas de ambos os lados da barcaça.
Quando viramos em direção da praia, houve um baque seco na embarcação. ‘Atingiram um dos nossos canhões ou algo parecido...’ disse um artilheiro.
Na frente via-se um rombo nomeio da rampa de desembarque e não havia mais nenhum homem, onde estavam quatro, havia poucos instantes. Nossa lancha virou a proa para o destróier que nos trouxera às ilhas do Almirantado.
Jorros de água e espuma penetravam pela abertura de seis polegadas aberta na rampa de madeira. William Siebieda agachou-se, na sua posição na peça de artilharia de estibordo, e firmou sua cadeira contra o buraco para tapa-lo. Estava disparando contra a costa com uma submetralhadora Thompson, com toda a rapidez com que os soldados feridos podiam passar-lhes os pentes de balas. A água o encharcava inteiramente, correndo pelas suas pernas e convertendo o sangue dos feridos num liquido rosado.
Dois soldados e o timoneiro morreram. O quarto homem nem sequer fôra ferido”.
Outro correspondente do Yank assi descreve as dificuldades para eliminar as forças inimigas de um setor ocupado pelos americanos:
Aproximadamente às 7h30, o chefe do telégrafo da divisão, um capitão, passou diante de ‘uma toca de raposa’ e um japonês fez fogo contra ele, ferindo-o na perna e no peito. Estirado na lama, a dois metros do ângulo formando pela trincheira em forma de V, o capitão apontou para a ‘toca de raposa’.
O soldado Allan Holliday, de Miami, Florida, e o cabo James Stumfoll, de Pittsburg, Kansas, que caminhavam ali perto quando o capitão fôra ferido, se agacharam atrás das palmeiras e abriram fogo contra o esconderijo.
Quando quatro japoneses saíram correndo pela outra entrada, foram apanhados por uma patrulha que ali estava colocada. Holliday e Stumfoll se ergueram e lançaram granadas pela abertura próxima deles. Os japoneses conseguiram devolver, lançando fora, duas granadas, porém, as outras explodiram dentro da cova.
Depois disso, não se ouviu mais ruído algum no seu interior, de modo que Holliday e Stumfoll e um punhado de outros soldados da cavalaria cercaram o esconderijo e tiraram as folhas de palmeira que disfarçavam uma das entradas.
Um japonês estava sentado no interior, apontando com um fuzil. Umas vinte carabinas e metralhadoras partiram o seu corpo, virtualmente, em dois. Tombou para a frente como um homem orando.
Os soldados ouviram outros rumores no interior do fortim, mas nem quiseram mais saber quem os produzia; simplesmente fizeram “a cova” voar pelos ares com cargas de TNT e granadas, e a luta terminou.
Enquanto isso, o chefe do telégrafo, ferido, havia sido arrastado, para fora do alcance dos japoneses, pelo oficial superior do Corpo Médico da força: um coronel que estava também levemente ferido por uma granada. Um fotógrafo do Corpo de Sinalizações que tentou filmar a ação recebeu um tiro no estômago”.


Os porta-aviões americanos
Na primeira fase da guerra no Pacífico, a Marinha americana sofreu a perda de quatro dos seus grandes porta-aviões: o Lexington na batalha do Mar de Coral, o Yorktown, no encontro decisivo de Midway, e o Wasp e o Hornet, nos encarniçados combates navais no arquipélago das Salomão. Dos três porta-aviões que restavam em operações, um, o Ranger, encontrava-se no Atlântico, os outros dois, o Enterprise e o Saratoga continuaram no Pacífico sustentando durante vários meses todo o peso da luta. Logo, no entanto, os estaleiros americanos, trabalhando febrilmente, entregaram novas naves, acabado com a superioridade japonesa.
No mês de maio de 1943, o gigantesco Essex, primeiro porta-aviões de um novo tipo de 25.000 toneladas, incorporou-se ao serviço ativo na base de Pearl Harbor. Um escritor naval americano, o Tenente Oliver Jensen, expôs assim a importância desta belonave no ressurgimento do poderio naval dos EUA:
A construção desse milagre da ciência moderna fôra acompanhada pela oficialidade da Marinha com uma carinhosa expectativa, desde a precisão de detalhes nas pranchetas dos projetistas, até o barulhento martelar dos operários construtores, pois ele representava o tipo de frota de batalha que a marinha almejava. Tudo o que havia a bordo, desde sua ampla coberta de vôo de 850 pés de comprimento, até seu compartimentos cheios de instrumentos delicados e secretos, fôra planejado para operações futuras. Ao contrário dos outros grandes porta-aviões, este fôra construído de conformidade com a experiência adquirida na guerra efetiva e o seu propósito era o combate... Com a perda dos quatro primeiros grandes porta-aviões, havíamos adquirido, na dura realidade, o conhecimento de suas falhas. Aprendemos que eram vulneráveis ao fogo, e que careciam de proteção aérea eficiente. Aprendemos que teríamos que buscar métodos mais rápidos para manobrar, lançar e recuperar os aviões. Recorreu-se à imaginação e embora seja certo que a perfeição se encontra sempre um pouco além do horizonte, não existira ainda na História navio algum que aproximara tanto da meta desejada como o Essex”.
No decorrer do ano que se seguiu à incorporação do Essex, a frota americana no Pacífico aumentou o número dos seus porta-aviões de forma acelerada, até chegar à cifra de 100 naves desse tipo. Da classe do Essex, de 25.000 toneladas, eram os novos porta-aviões Yorktown, Lexington, Hornet e Wasp (estes batizados com os nomes dos porta-aviões afundados) e o Bunker Hill, o Intrepid, o Hancock, o Bonhomme, Richard e o Shangri-La. Também constavam da categoria dos grandes porta-aviões, o Enterprise e o Saratoga, os dois únicos sobreviventes da etapa inicial da guerra, amplamente modernizados. Além disso, a frota recebeu outros porta-aviões menores: os da categoria Independence, de 10.000 toneladas. Eram naves extremamente velozes e manobráveis. Ao Independence logo se juntaram outros: o Vataan, o Princeton, o Monterey, o Cabot, o Belleau Wood, o Cowpens, etc. Outros porta-aviões, denominados “de escolta”, construídos utilizando cascos de petroleiros e navios mercantes, prestaram extraordinários serviços na proteção de comboios, no apoio de operações de desembarque e como navios-transporte de aviões para as frentes de luta. Por sua menor velocidade, pelo reduzido número de aviões embarcados, e pela sua elevada vulnerabilidade, estes últimos tipos não eram empregados na primeira linha de operações de combate.
As esquadrilhas dos novos porta-aviões eram interadas pelos modernos caças Grumman Hellcat, equipados com um motor de 2.000 HP e armados com seus metralhadoras calibre 50 nas asas. Estes aparelhos eram também fortemente blindados e contavam com tanques de combustível auto-obturáveis. Os Hellcat permitiram aos americanos esmagar definitivamente a superioridade que, desde o princípio da guerra, ostentavam os mortíferos Zeros japoneses. Como aviões de ataque, figuravam o torpedeiro Grumman Avenger com um motor de 1.700 HP e três tripulantes, o eficiente bombardeiro de mergulho Douglas Dauntless e o novo bombardeiro de mergulho Curtiss Helldiver.


Córrego do Suicídio”
Nos céus da ilha de Nova Bretanha, o sol brilha com fulgurante intensidade. Mas, apenas fracos raios de sua luz chegam aos homens que avançam penosamente na mata, submersos no emaranhado impenetrável da vegetação. São soldados do 5o Regimento de Marines americano e marcham, abrindo passagem a golpes de facão, à caça das tropas japonesas, que permanecem emboscadas no meandros da selva. De súbito, na cabeça da coluna ressoam disparos. Automaticamente, os combatentes se distribuem entre a mata e, engatilhando suas armas, apontam-nas para o ponto de onde partiu a descarga. O pelotão da vanguarda se encontra junto às margens de um córrego, cujas águas escuras correm silenciosamente, no meio da espessura. Essa estreita corrente é o ponto que os japoneses escolheram para bloquear o avanço dos marines. Na margem oposta, ocultos pela vegetação e entrincheirados em redutos invisíveis, camuflados com ramos e folhagens, aguardam que os americanos tentem prosseguir o seu avanço.
Após uma pausa de poucos minutos, o chefe da coluna de marines dá aos seus homens a ordem de atacar. Na há possibilidade de flanquear a posição inimiga. É preciso lançar-se ao ataque frontal, vadeando as águas do córrego. Sem vacilar, os fuzileiros se internam, com suas armas erguidas, na corrente. Atrás, ocultos pelos troncos das árvores e entrincheirados nas reentrâncias do terreno, os morteiros e metralhadoras desatam uma violenta barragem de fogo ara cobrir o avanço. Porém a carnificina não pode ser evitada...
Os japoneses respondem à descarga, ceifando com o fogo cruzado de suas mortíferas metralhadoras Nambu os marines praticamente indefesos, que tentavam atravessar a arroio. Em poucos instantes, tudo termina. Dezenas de corpos imóveis, crivados de balas, ficam flutuando sobre a água, avermelhada pelo sangue. A terrível operação, no entanto, se repete uma e outra vez. Alguns marines, escapulindo da chuva de projéteis, consegue atingir a outra margem, para cair ali, exterminados a golpes de baionetas pelos japoneses que,d e surpresa, surgem de suas posições camufladas na mata. Essa luta sem piedade se prolonga durante o dia inteiro até que, finalmente, o chefe americano resolve por um termo ao sacrifício dos seus homens. Sua decisão, porem, chega muito tarde. Os fuzileiros firam, praticamente, dizimados.
Na retaguarda, é recebida a notícia da matança do córrego, ao qual as tropas já apelidaram “córrego do suicídio”. O General Rupertus, chefe das forças de fuzileiros-navais, decide então colocar à frente do ataque um homem que para os marines constitui toda uma lenda de coragem e audácia: o Tenente-Coronel “Chesty” Puller. Puller, uma vez mais, fará justiça à sua fama. Reúne os combatentes e determina, terminantemente: “Temos coragem para passar e passaremos”. Porém o plano de Puller não se limita a uma cega investida a baioneta. Manda deslocar até as margens do “córrego do suicídio” uma escavadora e vários blindados semilagartas munidos de canhões de 75 mm. Às 8 horas da manhã seguinte começa o ataque. A escavadora avança rugindo sob o fogo cruzado das metralhadoras japonesas e abre com sua gigantesca pá, uma brecha nas inclinadas margens do arroio. Através dessa brecha se movimentam os semilagartas e ao atingir a margem oposta, disparam a queima-roupa os seus canhões contra as casamatas japonesas, fazendo-as voar em mil pedaços. Atrás processa-se a carga dos fuzileiros, disparando seus fuzis e metralhadoras e lançando granadas. Os japoneses foram, então, exterminados até o último homem.


Pappy” Boyington
3 de janeiro de 1944. Bougainville. Nas pistas da base aérea americana alinham-se, com os motores rugindo, os caças Corsair da esquadrilha das “Ovelhas Negras”. Os pilotos que integram a formação foram selecionados baseados num estranho antecedente: sua má conduta. De fato, os homens que tripulam os Corsair são aviadores separados de diversas esquadrilhas, por castigo ou expulsão. Os motivos: indisciplina, rebeldia, insubordinação e muitas causas mais. Essa coleção de inadaptados foi reunida numa formação: as “Ovelhas Negras”. As características do seu chefe, o Coronel Gregory “Pappy” Boyington, dos Fuzileiros-Navais, asseguram ao Alto-Comando que a disciplina no grupo será exemplar. E assim ocorre, efetivamente. Boyington, “ás” que tem a seu crédito 26 aviões inimigos derrubados, é um piloto de vasta experiência, que combate contra os japoneses desde o momento em que os Tigres Voadores entraram em ação na China. Ali começou a sua caça aos japoneses. Posteriormente, outros 20 aviões inimigos se agregaram à lista de Boyington. Com 26 aviões derrubados, o “ás” americano igualou o recorde ostentado, desde a Primeira Guerra Mundial, por Rickembaker.
As Ovelhas Negras decolaram e rumaram para Rabaul, base inimiga objetivo da incursão. Os japoneses, no entanto, alertados por seus observadores avançados, interceptaram a formação inimiga. A “luta de cães” começou imediatamente. “Pappy” Boyington, sem vacilar, lançou-se sobre a formação inimiga seguido pelo avião que voava ao seu lado. O fogo das metralhadoras do “ás” americano perfurou as asas e a fuselagem de um dos aviões japoneses. Descrevendo um amplo giro, ele se afastou do avião japonês, que começou a cair, envolto em chamas. Sempre seguido por seu companheiro de formação, o aparelho do americano perdeu altura para atacar um grupo de máquinas inimigas que voava muito baixo. Os dois aviões entraram num mergulho a toda força dos motores, sem notar a presença de um grupo de 20 aviões japoneses que, do alto, caíram sobre eles.
As metralhadoras dos aviões japoneses começaram imediatamente a vomitar sua mortífera carga. O avião que acompanhava Boyington foi atingido logo e começou a perder altura. O “ás” americano, tratando de proteger o seu companheiro, precipitou-se atrás dele, disparando contra os caças japoneses. Estes, no entanto, impuseram o peso do seu número. E o avião de Boyington recebeu uma verdadeira saraivada de balas. Por fim, com o tanque principal do seu aparelho envolto em chamas, ele desceu até quase roçar a crista das ondas. Nesse instante, quando se encontrava a mais ou menos 30 metros da superfície, Boyington picou violentamente e o seu corpo voou, expulso da carlinga do seu avião. Um brusco puxão indicou a Boyington que o pára-quedas começara a se abrir. No entanto, antes que o pano chegasse a se abrir totalmente, o corpo do piloto americano submergiu nas ondas. Segundos depois, voltando à superfície, Boyington percebeu que quatro dos caças japoneses sobrevoavam o local. Os aviões inimigos, ao divisar o americano, precipitaram-se sobre ele, metralhando-o. mergulhando uma e outra vez, ele escapou às rajadas. Afinal os aviões japoneses se afastaram.
O “ás” americano, então, inflou o bote de borracha que fazia parte do seu equipamento e subiu nele. Ao tirar o uniforme, ele percebeu muitos ferimentos que dilaceravam todo o seu corpo. As balas inimigas haviam perfurado o seu ombro e as pernas; o tornozelo esquerdo estava destroçado por um projétil de 20 mm.
Depois de improvisar penosamente umas bandagens, Boyington começou a remar rumo à costa distante. Oito horas depois, a silhueta de um submarino se recortou nas proximidades. Boyington, quase inconsciente pela perda de sangue e pela dor, continuou remando em direção ao barco. Quando estava junto a ele, notou que era japonês.
Ele permaneceu prisioneiro dos japoneses até o final da guerra. Então, o Congresso dos EUA condecorou-o com a Medalha de Honra.


King
Fazer o que se pode com o que se tem” foi o lema do Almirante King. No princípio de 1942, pouco depois do Presidente Roosevelt eleva-lo ao mais alto posto da Marinha, nomeando-o Chefe Naval dos Estados Unidos, disse: “Estamos ocupados preparando a vitória”. E acrescentou: “Nenhum almirante contou com melhores combatentes”. O Almirante King nasceu em 1878, em Ohio, Estado situado no interior do país, e desde pequeno mostrou-se fascinado pelas histórias do mar. Em 1887, num exame de seleção, ganhou o direito de freqüentar a Academia Naval dos Estados Unidos, em Anápolis, onde se graduou em quarto lugar, numa classe de 67 alunos. Ainda cadete, o jovem Ernest King serviu no cruzador San Francisco durante o sítio de Havana, na guerra que libertou Cuba do domínio espanhol e levou esse país a constituir-se em república independente. Durante a Primeira Guerra Mundial foi ajudante do Almirante Henry Mayo, chefe do Estado Maior e comandante-chefe da Frota do Atlântico. Durante o bombardeio britânico de Ostende, Bélgica, resistiu ao fogo inimigo, junto com o Almirante inglês Jellicoe, tendo recebido por essa ação a Cruz Naval.
Ao terminar a guerra, King foi nomeado diretor da Escola de Estudos Superiores de Anápolis. Em 1923 assumiu o comando de uma base de submarinos e em 1928, depois de se ter preparado como aviador naval, foi nomeado comandante das esquadrilhas da Frota de Reconhecimento. O Almirante King tinha 59 anos quando decidiu aprender a voar e se apresentou como voluntário para treinar na Estação Naval Aérea em Pensacola, Florida. Ali, conseguiu o brevê de piloto, numa idade que muitos peritos consideram avançada demais para essa façanha.
A experiência adquirida pelo Almirante King na aviação o conduziu à sua próxima nomeação: assistente-chefe da Aviação da Marinha dos Estados Unidos. Exercendo esse cargo, foi comandante do transporte “Lexington”. Em 1933 foi nomeado chefe da Aeronáutica e nesse posto iniciou uma grande expansão do Serviço Naval Aéreo. Após a eclosão da segunda Guerra Mundial, em 1940, King foi nomeado comandante das forças de patrulha. Nessa circunstância deu ordens de disparar sobre qualquer submarino que fosse descoberto navegando nas vizinhanças da costa dos Estados Unidos. Em fevereiro de 1941, quando ascendeu ao posto de chefe da Frota do Atlântico, coloca-a em pé de guerra, e ordenou que os barcos permanecessem com suas luzes apagadas durante a noite e que os artilheiros estivessem em serviço permanente, mantendo, prontos para funcionar, dia e noite, os canhões e as baterias.
O senhor me oferece um grande pedaço de pão e muito pouca manteiga”, disse ao Presidente Roosevelt quando este o nomeou. O Almirante se referia, ao dizer isso, ao fato de que um imenso setor do Oceano Atlântico tinha que ser patrulhado e possuía muitos poucos barcos para cobrir essa superfície. O número de barcos designados para o almirante foi aumentado e alguns meses depois, o presidente, familiarmente, perguntou: “Então, Ernie, você agora está satisfeito?”. “A qualidade é boa - respondeu King - porém o senhor continua me dando mais pão que manteiga, presidente”.
Ao ser nomeado comandante-chefe da Frota dos Estados Unidos, o “pão” do Almirante King se converteu no mundo inteiro.
Ernest King é um homem decidido - declarou um antigo amigo do almirante. Possui uma agilidade mental valiosíssima para os casos de emergência. É o homem para dirigir a Marinha em tempo de guerra”. O Almirante King morreu em 1956.


Como combatiam os japoneses
Reproduzimos parágrafos da crônica oficial das ações sustentadas pelas forças americanas na ilha do Almirantado. Nela se descrevem os pormenores de um sangrento combate noturno com as tropas japonesas que permitem avaliar o denodo quase fanático que insuflava os soldados japoneses a sacrificar suas vidas em ataques suicidas.
Os japoneses começaram a sondar as posições às 20h20. Às 21 horas, um avião inimigo nos sobrevoou e, em três passadas, lançou oito bombas. Não causaram danos, salvo cortar as linhas telefônicas que ligavam ao setor do 1o Esquadrão. Quando o avião se afastou, os japoneses acenderam foguetes luminosos amarelos e um projétil com uma trajetória luminosa, aparentemente de 20 mm, foi disparado verticalmente.
Os japoneses avançaram com suas armas automáticas, sem ter, aparentemente, outro plano de ação senão atacar-nos de frente, em campo aberto, confiando em que a obscuridade os protegia. A conversação excitada das guarnições das baterias revelou, contudo, onde eles as estavam colocando, e se converteram em alvos fáceis para os atiradores da defesa.
Os atacantes foram envolvidos pelo fogo dos morteiros que localizaram os seus projéteis com precisão de 20 a 50 metros à frente de nosso perímetro... O ataque contra a posição do 2o Esquadrão foi uma ameaça maior. Os japoneses, ao se aproximar, lançaram granadas que caíram diante das nossas linhas. Depois penetraram na zona minada; apesar de terem explodido todas as minas antipessoais e as armadilhas “booby”, o inimigo continuou aproximando-se. Num estranho contraste com as infiltrações perfeitamente dissimuladas da noite anterior, desta vez não fizeram nenhum esforço para se ocultarem.
Gritando e cantando, os japoneses avançaram para as linhas defendidas por nossas armas automáticas. Os que vinham na frente foram aniquilados, mas continuavam chegando outros que marchavam sobre os cadáveres dos primeiros. As armas automáticas continuaram martelando, enquanto os fuzileiros, localizados sobre os flancos ou na retaguarda, rechaçavam toda tentativa de infiltração dos japoneses a poder de metralha. Pouco antes do amanhecer, numerosos japoneses, utilizando granadas e punhais, penetraram nas posições da companhia G. O comando dessa unidade organizou um contra-ataque e desalojou o inimigo. O pelotão do Tenente Henshaw, combatendo por trás de um aterro bem defendido, recebeu o impacto mais forte de vários dos poderosos ataques contra a companhia G. Os japoneses que conseguiram atravessar o fogo cruzado das metralhadoras, trataram de, passando por cima dos mortos, subir pelo lado oeste do aterro. Foram exterminados com o chumbo das metralhadoras, fuzis e granadas.
Apesar dos ataques contra o flanco norte, especialmente contra a companhia G, serem quase esmagadores pela sua potência de freqüência, careciam quase sempre de coordenação e resultaram completamente ineficazes, enquanto nossas tropas tinham munições. Uma coluna de japoneses avançou, mais ou menos uma hora antes do amanhecer, cantando “No Coração do Texas”. Foram mortos por minas antipessoais e pelo fogo mortal das armas leves de todas as tropas da posição. Quando os ataques contra a companhia G se esgotaram, um oficial japonês conduziu um grupo de 12 soldados para campo aberto. O oficial arrancou a espoleta de uma granada, bateu-a contra seu capacete e a encostou no estomago. Os 12 soldados se suicidaram também com granadas”.
Truques
Os japoneses puseram em jogo uma série de truques e, e, algumas oportunidades, tiveram êxito. Conseguiram inteirar-se do nome de alguns chefes de pelotões americanos. Numa ocasião, um japonês gritou: “Retire-se, Thorne, todo o regimento está batendo em retirada para outra linha!”. Isto deu origem a que o pelotão de morteiros sob as ordens do 1o tenente Thorne abandonasse suas posições. O pelotão não apenas sofreu três baixas, como também não pôde dirigir o fogo de seus morteiros durante o resto da noite. Outro truque era fazer com que alguns japoneses se movimentassem diante de nosso perímetro para atrair sobre si o fogo das metralhadoras. Então dois ou três atiradores especializados disparavam projéteis com trajetória luminosa sobre qualquer arma que se denunciasse, possibilitando aos morteiros abrir fogo contra a posição. Entre 22h30 e meia-noite ocorreram, numa bateria antiaérea de 90 mm, vários casos de mensagens telefônicas dizendo, uma vez, que quem falava era um determinado oficial americano, e outra vez que era um sargento. Em ambos os casos comunicavam o fracasso dos nossos planos e o triunfo dos japoneses. Como as vozes não foram reconhecidas, não se tomaram em consideração as mensagens. No entanto, uma dessas mensagens fez com que o 211o Batalhão de Artilharia Antiaérea trocasse de posição o seu Posto de Comando...”.


Somente nossos nomes restam...”
24 de março de 1944. A atividade das tropas japonesas começa a minguar, minuto a minuto. Dias mais tarde, entre 26 e 31 de março, a sorte dos japoneses tende a definir-se. Os sobreviventes mantinham ainda posições defensivas a oeste das colinas de Papitalai, porém carecendo de munições e de suprimentos não puderam opor nenhuma resistência às forças americanas que se aproximavam do leste e do oeste. Muitos redutos, alguns deles recém-construídos, foram descobertos na região a oeste da colina 260. Achou-se um esconderijo que tinham um poço de seis metros de profundidade, conduzindo a um túnel que desembocava na ladeira da colina; outras construções similares tinham poços de três a quatro metros de profundidade. Contudo, já na noite de 23 para 24 de março, a deficiente situação dos japoneses, no terreno das munições, foi dada pelo fato de que eles começaram a jogar estacas e pedras das “tocas de raposa” contra o 1o Esquadrão do 12o Regimento de Cavalaria americano.
Um Diário encontrado no cadáver de um soldado japonês revela a sorte sofrida por quase todos os sobreviventes:
28 de março. A última noite foi tranqüila, com exceção de ocasional fogo de morteiros e fuzis. De acordo coma conferência celebrada pelos diversos chefes de unidades, decidiu-se abandonar a posição atual e bater em retirada. Os preparativos para isso já estão sendo feitos. No entanto, parece que esta ordem foi cancelada e que defenderemos firmemente esta posição. Ah, esta é uma derrota honrosa, e acho que devemos ter orgulho da forma como nos comportamos. Somente nossos nomes restarão, e isso é algo que não me agrada muito. Sim, a vida dos que restam agora, uns 200 ao todo, está limitada a uns poucos dias.
30 de março. Este é o oitavo dia desde que começamos a retirada. Caminhamos continuamente, dando voltas pelos atalhos das montanhas, para evitar o inimigo. Até agora não chegamos ao nosso destino, porém, esgotamos completamente nossas rações. Nossos corpos estão cada vez mais debilitados e a fome está se tornando insuportável.
31 de março. Apesar de carecermos completamente de rações, a marcha continua. Quando chegamos a Lorengau? Ou esta unidade será aniquilada nas montanhas? À medida que avançamos vamos tirando um por um nosso equipamento e nossas armas.
1o de abril. Chegamos a umas choças dos nativos. Segundo um comunicado, as tropas amigas de Lorengau não nos podem ajudar e batem em retirada. Já não temos outra alternativa senão viver como fazem os nativos”.






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