Ofensiva
Aliada no Pacífico
100.000
japoneses cercados em Rabaul
Luta
na Nova Guiné - Ataque a Lae
Luta
na Nova Bretanha - Desembarque em Cabo Gloucester
Enquanto
o avanço das forças americanas se desenvolvia no arquipélago das
Salomão, sob a condução do Almirante Halsey, na Nova Guiné as
tropas aliadas, seguindo as diretivas do plano traçado por
MacArthur, iniciaram o seu deslocamento para o norte. Os objetivos
destes dois movimentos (nas Salomão e em Nova Guiné) consistiam em
eliminar o grande reduto japonês de Rabaul, situado na ilha de Nova
Bretanha. O avanço convergente permitia às forças aliadas
aproximar suas unidades aéreas, até colocar Rabaul dentro do seu
raio de ação. A base japonesa seria então submetida a bombardeios
devastadores.
Na
zona da Nova Guiné, o objetivo principal era a conquista das
posições japonesas localizadas no golfo e na península de Huon,
situados frente à Nova Bretanha. Uma vez conseguido o controle dessa
região, as forças americanas poderiam lançar-se ao assalto desta
última ilha. Para cobrir o avanço para Huon e dar, ao mesmo tempo,
apoio aéreo às operações que o Almirante Halsey realizava nas
Salomão, decidiu-se ocupar em primeiro lugar as pequenas ilhas de
Woodlark e Kiriwina, que se achavam convenientemente situadas, para
nelas construir-se aeródromos de utilidade incontestável nas ações
previstas.
Apesar
da ocupação dessas ilhotas não encontrar oposição inimiga, pois,
ali não existiam forças japonesas, a operação constituiria uma
importante experiência destinada a comprovar a efetividade das
técnicas de desembarque que seriam utilizadas posteriormente.
O
desembarque nas duas ilhas iniciou-se ente 23 e 24 de junho de 1943.
Destacamentos avançados de engenharia alcançaram as praias e
iniciaram os preparativos para facilitar a chegada do grosso das
forças. A 30 de junho, 2.500 soldados desembarcaram em Kiriwina e um
número semelhante em Woodlark. Imediatamente iniciou-se a construção
de pistas de aterrissagem, que se tornaram praticáveis em meados do
mês de julho. A este primeiro “salto” somou-se outro, realizado
diretamente sobre a costa da Nova Guiné. Come;cara a marcha rumo à
grande base de Lae, no golfo de Huon.
Uma
força integrada por 740 homens desembarcou na baía de Nassau. A
operação foi levada a cabo em meio a violentíssima ressaca
marinha, e a totalidade das embarcações ficaram gravemente
danificadas. Os soldados conseguiram, no entanto, chegar à costa, em
meio ao temporal. As peças de artilharia, morteiros e quase toda a
munição se perderam, tragados pelo mar.
As
tropas americanas estabeleceram contato com as japonesas e,
sustentando renhidos combates, marcharam para o interior,
deslocando-se pela selva, para unir-se a unidades australianas. A
aviação aliada, em todos os instantes, prestou apoio aéreo
intenso, tanto no campo direto da luta como por meio de incursões
contra as forças japonesas localizadas mais ao norte.
Recebendo
suprimentos pelo ar, os americanos e australianos avançaram
gradualmente em direção a Lae. No caminho para essa base
interpunha-se outro grande reduto japonês: o de Salamaua. MacArthur
planejara deixar de lado este último reduto, franqueando-o pelo mar,
para evitar um choque frontal com os japoneses. Desembarcaria, então,
diretamente em Lae. Simultaneamente com a concretização desse
desembarque, faria um lançamento de pára-quedistas, 30 km terra
adentro de Lae. Desta forma, os japoneses ficariam com a retaguarda
cortada.
Ataque
a Lae
Em
meados do mês de agosto, os Aliados empreenderam uma ofensiva aérea
preliminar ao ataque contra Lae. Era uma ação destinada a assegurar
a absoluta supremacia aérea em toda a zona de batalha. Para
facilitar a operação, levou-se a cabo, previamente, a construção
de um aeródromo avançado, no meio da selva, próximo a Lae. Esta
pista, construída com materiais transportados integralmente por via
aérea, converteu-se no trampolim dos demolidores ataques contra os
grandes aeroportos situados na costa norte da Nova Guiné. Durante o
período de construção da base, que seria utilizada pelos caças e
como campo de aterrissagem de emergência para bombardeiros médio, a
aviação aliada evitou cuidadosamente atacar o grande aeródromo
japonês de Wewak e suas pistas satélites de But, Daagua e Borum.
Este
estratagema tinha como finalidade alentar os japoneses a concentrar
seu poderio aéreo na citada base, a fim de poder ataca-los e
destruir a massa da aviação japonesa com um só golpe demolidor. O
truque surtiu efeito. Os japoneses reuniram em Wewak e nos aeródromos
satélites várias centenas de caças e bombardeiros.
Então,
na noite de 16 de agosto de 1943, a aviação aliada lançou-se ao
ataque com todos os seus efetivos. As repetidas incursões atingiram
o resultado previsto. Mais de 200 aparelhos japoneses foram
destruídos em terra, em ataques rasantes. Muitos outros foram
derrubados no ar, no curso de ininterruptos e encarniçados combates
que se prolongaram até fins do mês de agosto. Nessa data iniciou-se
a ofensiva aérea de apoio direto ao desembarque em Lae. Os ataques
adquiriram então ainda maior intensidade. Os Beaufighter
australianos e os B-25 americanos concentraram suas incursões sobre
a navegação japonesa, afundando dezenas de barcaças que conduziam
suprimentos e reforços para Nova Guiné. A 2 de setembro, as
esquadrilhas de B-25, escoltadas por caças P-38, levaram a cabo uma
incursão devastadora contra Wewak. Aproximando-se a uma altura de 30
metros, os Mitchell canhonearam, metralharam e bombardearam os barcos
ancorados no porto dessa base. Essa fase do programa ficou, pois,
cumprida. O poder aéreo japonês, praticamente, fôra eliminado. Nas
primeiras horas da madrugada de 4 de setembro, a força anfíbia de
maior envergadura jamais vista até então no sudoeste do Pacífico
se aproximou das praias de Lae conduzindo, a bordo de centenas de
embarcações, os soldados da 9a
Divisão australiana. No ar, as esquadrilhas iniciaram os seus
mergulhos para a terra, para pulverizar as defesas inimigas. No mar,
paralelamente, os destróieres se aproximaram da costa e
descarregaram os seus canhões contra os objetivos inimigos. Às 6h30
chegaram em terra os primeiros soldados australianos. Em corrente
incessante foram desembarcando na praias as forças restantes,
juntamente com canhões, veículos e equipamentos de todos os tipos.
Em menos de quatro horas, mais de 7.800 soldados, com todo o seu
equipamento chegaram a terra.
A
força aérea japonesa tentou sair ao encontro do ataque aliado,
lançando na batalha os aviões que haviam se salvado do ataque
prévio. No entanto, essa ação foi frustrada pela atuação das
esquadrilhas de caças P-38 e P-47. Alguns bombardeiros de mergulho e
torpedeiros, apesar de tudo, conseguiram infiltrar-se através das
defesas e atingiram dois destróieres e duas LST, causando muitas
baixas entre as tripulações. As embarcações não chegaram, porém
a afundar. No dia seguinte, enquanto as tropas australianas
consolidavam suas posições, efetivou-se um ataque de pára-quedistas
numa planície situada a 30 km a oeste de Lae.
Partindo
de suas bases no sul de Nova Guiné, 84 bimotores C-47, transportando
1.700 homens do 503o
Regimento e Pára-quedistas americano, com equipamento completo, e
depois de sobrevoar a cordilheira que corre através da ilha,
aproximaram-se do objetivo escoltados por 100 caças. À frente da
gigantesca formação aérea voavam seis esquadrilhas de bombardeiros
B-25 providos de oito metralhadoras de 12.7 mm no nariz. Os aparelhos
metralharam o terreno, enquanto outros bombardeiros lançavam
cortinas de fumaça para acobertar a descida dos pára-quedistas.
Voando
a grande altura, numa Fortaleza-Voadora, o General MacArthur
presenciou o lançamento realizado com precisão matemática. Às
9h48 os pára-quedistas foram alertados e 20 minutos depois, as luzes
vermelhas de alerta foram acesas. Às 10h22, o primeiro pára-quedista
se lançou no espaço. Em sucessão rápida, os demais combatentes
pousaram em terra, assim como suas armas e equipamentos. Em terra,
não encontraram praticamente nenhuma oposição. Diversas patrulhas
foram enviadas para estabelecer contato com as tropas australianas,
que avançavam pelas matas do interior. Iniciou-se, também, a
construção de uma pista de aterrissagem. Foi uma obra realizada com
incrível rapidez, facilitada pelas condições do terreno, plano e
sem obstáculos. Nas primeiras horas do dia seguinte aterraram no
improvisado aeródromo os aviões de transporte que conduziam os
soldados da 7a
Divisão australiana. Uma semana depois, mais de 300 aviões haviam
chegado à pista. Desta forma pôde ser montado um ataque convergente
sobre Lae.
Arrasando
a resistência japonesa, as 7a
e 9a
Divisões australianas ocuparam aquele reduto no dia 16 de setembro.
A base de Salamaua, situada mais ao sul, fôra ocupada, nesse meio
tempo, a 13 de setembro, por forças americanas e australianas.
Prossegue
a ofensiva
A
rápida queda de Lae e Salamaua permitiu a MacArthur adiantar os
planos do avanço posterior rumo ao norte. O próximo “salto”
seria dado contra o reduto japonês de Finschhafen, situado na costa
da península de Huon.
Um
pequeno grupo explorador partiu com a missão de estudar as
características da costa, porém sua atuação foi impedida pelos
japoneses. Tampouco se conseguiram fotografias aéreas adequadas das
praias. Apesar disso, decidiu-se levar adiante o ataque.
O
desembarque efetuou-se a 22 de setembro, às 4h45, precedido por um
violento bombardeio aeronaval. Os efetivos da 9a
Divisão australiana alcançaram finalmente as praias e estabeleceram
sem maiores dificuldades uma cabeça-de-ponte. O terreno, felizmente,
não oferecia obstáculos. Ao fim de sete horas já estavam em terra
firme 5.300 soldados com todo o seu equipamento.
Depois
de completar o desembarque de tropas e material, o comboio de assalto
levantou âncora e se dirigiu às suas bases no extremo oriental da
Nova Guiné. Prevendo a reação da aviação japonesa, os Aliados
mantiveram uma forte escolta de caças sobrevoando o comboio. Desta
forma, a concentração de navios atuaria como isca para atrair os
bombardeiros japoneses. O plano deu o resultado esperado. Poucas
horas depois, os radares detectaram a aproximação de uma forte
formação inimiga.
Cerca
de 30 bombardeiros e 40 caças japoneses integravam a força de
ataque. Alguns torpedeiros, que se aproximaram do comboio voando na
crista da onda, não puderam ser detectados e se lançaram sobre os
barcos. Porém, a barreira antiaérea levantada pelos destróieres da
escolta conseguiu abater todos eles, sem que se conseguissem acertar
nenhum alvo. No alto, os P-38 conseguiam, por sua vez, uma vitória
esmagadora. Em menos de uma hora derrubaram 10 bombardeiros e 29
caças japoneses, contra a perda de apenas três aviões aliados.
Em
Finshhafen, as operações se desenvolviam satisfatoriamente, apesar
da intensa resistência inimiga. O avanço se tornou extremamente
lento, pois os japoneses, com sua costumeira tenacidade, defendiam o
terreno palmo a palmo, até serem aniquilados. Os veteranos
australianos após 10 dias de luta renhida, conseguiram alcançar o
objetivo.
A
2 de outubro, Finschhafen foi ocupada depois de uma feroz batalha
corpo a corpo. A ofensiva continuou na península de Huon com um
avanço através da selva rumo ao norte. Os australianos marcharam
perseguindo os japoneses que se retiravam pelo vale do rio Ramu.
Através das montanhas e dos pantanais, as tropas aliadas se
deslocaram com dificuldade, açoitadas pelas chuvas, abrindo caminho
a machado. O abastecimento das colunas se efetuava por via aérea. Em
virtude disso, os destacamentos de engenharia que acompanhavam as
tropas se viram obrigados a construir uma série de pistas
improvisadas no meio da floresta. Desta forma, instalou-se nas
profundezas do vale do rio Ramu uma base aérea avançada, que não
somente atuou como centro de abastecimentos das tropas australianas,
como também se converteu em base de operações dos aviões de
combate. Nos primeiros dias de novembro, dali iniciou suas incursões
uma esquadrilha de caças P-40. Assim, as operações na Nova Guiné
permitiram a MacArthur entrar na posse de uma cadeia de bases
avançadas para controlar o espaço aéreo sobre a costa ocidental da
ilha de Nova Bretanha, onde se realizaria o próximo desembarque.
Operações
contra Rabaul
Ao
aproximar-se o fim do ano de 1943, a dupla ofensiva iniciada pelas
forças aliadas aproximavam-se também da sua culminância. O
objetivo era neutralizar o grande centro de Rabaul. As tropas de
Halsey, nas Salomão, depois de conquistar o grupo de ilhas de Nova
Geórgia, empreenderam o ataque contra Bougainville, última escala
na sua marcha ascendente para Rabaul. A fim de apoiar essa operação,
a 5a
Força Aérea americana, que servia sob as ordens de MacArthur na
Nova Guiné, iniciara em meados de outubro uma série de violentas
incursões contra Rabaul. Esquadrilhas de bombardeiros e caças
submeteram a base japonesa a uma seqüência de ininterruptos ataques
que se prolongaram até as primeiras semanas de novembro.
Posteriormente, as forças de porta-aviões que operavam nas águas
das Salomão somaram-se também à ofensiva aérea. Os aparelhos dos
porta-aviões que operavam nas águas das Salomão somaram-se também
à ofensiva aérea. Os aparelhos dos porta-aviões Saratoga e
Princeton apoiados pelas esquadrilhas dos novos porta-aviões Essex,
Bunker Hill e Independence e por aviões do exército, descarregaram
novos e violentos ataques. Desta forma, Rabaul foi praticamente
neutralizada. Para reforçar definitivamente a eliminação de Rabaul
como centro ativo, montou-se a denominada operação Dexterity. Esse
plano previa a ocupação de bases na costa ocidental da Nova
Bretanha, que permitiriam aos Aliados dominar ambas as margens do
estreito que separava esta ilha da Nova Guiné. Rabaul, então,
situada no extremo oriental da Nova Bretanha, estaria praticamente
cercada. Para realizar esta operação, organizou-se uma força
chamada Álamo, que efetuaria um desembarque na zona do Cabo
Gloucester, coberto por bosques e selvas pantanosas. Nesse ponto
existia um aeródromo japonês que tinha que ser capturado.
A
força Alamo era integrada pela 1a
Divisão de Marines, comandada pelo General Rupertus, e pela 32a
Divisão de Infantaria do Exército, que seria mantida de reserva.
Além do desembarque no Cabo Gloucester, seria realizado, a pedido da
Marinha, outro desembarque na costa meridional da ilha de Nova
Bretanha, na península de Arawe, para ali instalar uma base de
lanchas torpedeiras. Este último ponto seria ocupado por 1.700
soldados do 112o
Regimento de Cavalaria.
O
bombardeio da zona ocidental da Nova Betanha, destinado a preparar o
caminho da invasão, se iniciou a 13 de novembro. As esquadrilhas com
base na Nova Guiné atacaram violentamente as posições dos
japoneses. Bombardeiros B-25, munidos de canhões de 75 mm na proa,
atacaram, em vôo rasante, o aeródromo de Cabo Gloucester, arrasando
as instalações. Mediante essa ofensiva aérea, que alcançou uma
intensidade ate então nunca vista no Pacífico sul, preparou-se o
terreno para o desembarque dos marines. A zona de invasão ficou
praticamente isolada pelo bloqueio aéreo às linhas de
abastecimento, alimentadas por barcaças.
A
15 de novembro iniciou-se o desembarque em Arawe. As tropas que
desembarcaram na península encontraram uma resistência tenaz. A
primeira leva de assalto caiu sob o fogo cruzado de canhões e
metralhadoras e 12 de suas 15 embarcações foram afundadas. Ante o
desastre, o chefe da operação ordenou deter o ataque e realizar um
novo e intenso bombardeio aéreo para “amaciar” as posições
inimigas. Uma segunda tentativa de desembarque, então, teve o êxito
esperado. As tropas atingiram as praias em veículos blindados
anfíbios, apoiados por embarcações lança-foguetes, e
estabeleceram uma cabeça-de-ponte.
Enquanto
se concretizava o desembarque em Arawe, a aviação intensificava o
ritmo dos ataques contra o Cabo Gloucester. Dia e noite, os
bombardeiros martelavam com chuvas de projéteis as posições
inimigas. A 24 de dezembro, véspera de Natal, a aviação realizou o
esforço máximo: sete esquadrilhas de bombardeiros efetuaram mais de
280 ataques na zona do Cabo Gloucester.
Para
defender esta posição, os japoneses contavam com uns 10.000
soldados, comandados pelo General Iwao Matsuda. O grosso desta força
estava concentrado em torno do aeródromo do Cabo Gloucester.
Na
madrugada de 25 de dezembro, a frota que conduzia os marines zarpou
da costa da Nova Guiné e rumou para o objetivo. Às 6 horas da manhã
do dia seguinte, iniciou-se o desembarque. Dois cruzadores e oito
destróieres descarregaram seus canhões contra as posições que
defendiam a praia. A este fogo acrescentou-se o de duas embarcações
lança-foguetes.
As
tropas de assalto, integradas pelos fuzileiros do 7o
Regimento, tocaram as praias sem oposição. A zona não era
defendida, pois a poucos metros da costa se alongava um extenso
pântano que servia de “defesa natural”. O chefe japonês,
convencido de que os americanos não desembarcariam nesse setor,
concentrara suas defesas nos flancos do pantanal.
A
força de marines internou-se então, às cegas, nesse mar de lama.
Ao cair na arapuca natural, o avanço dos fuzileiros se tornou
terrivelmente lento, caminhando com grande dificuldade, com água e
lama até o peito.
Contra-ataque
de Matsuda
Depois
de várias horas de marcha extenuante, as unidades da vanguarda dos
marines apenas haviam conseguido penetrar 1.200 jardas para o
interior da ilha. O General Matsuda, ao receber os informes do avanço
inimigo através do pântano, emitiu rapidamente ordens para o
contra-ataque. De acordo com seus cálculos, a situação
apresentava-se muito propícia, pois poderia aniquilar os marines num
rápido ataque pelo leste e pelo oeste, numa manobra de pinças.
Ao
cair da tarde, os esgotados fuzileiros viram-se abrigados a deter a
progressão. Os chefes das colunas deram ordem de entrincheiramento,
ordem muito difícil de ser cumprida, dadas as condições alagadiças
do terreno. Em pouco tempo desabou uma forte tormenta tropical,
acompanhada de densa chuva e vento, circunstância que tornou ainda
mais difícil a situação dos soldados. Nesse momento explodiram
sobre eles os primeiros projeteis disparados pelos morteiros
japoneses. O contra-ataque de Matsuda se iniciara.
Dando
vivas ao Imperador (Banzai) os combatentes japoneses se lançaram a
baioneta, sobre as posições dos marines. Estes os receberam com o
fogo cerrado dos seus fuzis e metralhadoras. Estabeleceu-se uma
encarniçada luta corpo a corpo no meio do pantanal. As linhas
americanas corriam o risco de serem superadas pelas fanáticas cargas
dos japoneses. Nessa situação crítica, o fogo certeiramente
dirigido de uma bateria de morteiros, conseguiu desbaratar o ataque
japonês. O combate, porém, prosseguiu até o nascer do sol, com uma
série de sangrentas escaramuças.
Ao
despontar o dia, os marines contaram mais de 200 cadáveres de
soldados japoneses e 25 mortos e 75 feridos eram as baixas
americanas.
Enquanto
o 7o
Regimento mantinha essa ação, o 1o
se internava em direção ao aeródromo. A uma distância de uma
milha da pista, os marines depararam com uma cadeia de casamatas
feitas de troncos e artilhadas com canhões de 75 mm. Quatro tanques
Sherman, então, se adiantaram e castigaram com o fogo de suas peças
os redutos japoneses, destruindo-os. Os efetivos japoneses, em sua
maior parte, pereceram na ação. Alguns sobreviventes conseguiram
fugir através da floresta. Um cabo japonês, no entanto, foi
capturado com vida. Ao ser interrogado, declarou que o aeródromo
estava defendido por milhares de homens. Este fato decidiu o General
Rupertus a suspender o ataque que planejava levar a cabo nesse mesmo
dia, até receber o reforço do 5o
Regimento de marines. Esta unidade desembarcou na manhã seguinte, 29
de dezembro, nas praias do Cabo Gloucester. A ação decisiva, então
contra a aeródromo, teve início. Apoiados pelo fogo da artilharia e
liderada por tanques Sherman disparando seus canhões e
metralhadoras, os marines irromperam no perímetro do aeródromo.
Para surpresa dos americanos, ele estava deserto. A guarnição
japonesa, composta de mais de 3.000 soldados, se havia retirado para
uma cadeia de colinas selvagens situadas ao sul do aeródromo.
À
uma hora da tarde de 30 de dezembro, o General Rupertus enviou o
informe da vitória ao General Krueger, comandante-chefe da força
Álamo. A mensagem dizia: “A 1a
Divisão de Marines oferece como um presente adiantado de Ano Novo o
aeroporto de Cabo Gloucester. A situação está controlada devido ao
espírito de luta de nossas tropas, à costumeira boa sorte dos
marines e à ajuda de Deus”.
A
3 de janeiro de 1944, os batalhões de engenharia começaram a
reconstrução da base aérea, destroçada pelos Aliados. Sua tarefa,
porém, foi muito dificultada pelas intensas chuvas.
Depois
da conquista do aeroporto, a luta se estendeu para o interior da
ilha, onde ocorreram sangrentos choques entre as unidades de
fuzileiros e as tropas japonesas. Os americanos tiveram que enfrentar
não só o inimigo japonês mas também as terríveis condições da
selva. Os pântanos, verdadeiras armadilhas mortais, dificultaram
incrivelmente o avanço dos homens. As colunas marchavam em direção
a Aogiri, onde os japoneses se haviam alojado numa forte posição,
Essa elevação do terreno, situada ao sudoeste do Cabo Gloucester,
no meio da floresta, contava com uma intrincada rede de
fortificações; 37 casamatas conectadas entre si por túneis
subterrâneos empresavam à posição o caráter de inexpugnável.
Os
marines não podiam flanquear a colina e, obrigatoriamente, tinham
que enfrentar o inimigo e destruí-lo. Sob o comando do
Tenente-Coronel Walt, os marines se lançaram ao assalto, na manhã
de 8 de janeiro de 1944. Trepando pelas ladeiras, os combatentes
enfrentaram o fogo inimigo, que, paulatinamente, aumentou de
intensidade. Pouco mais tarde, a violenta reação japonesa conseguiu
deter o avanço dos americanos. Em seguida, em trágica sucessão,
dezenas de fuzileiros tombaram, abatidos pela metralha japonesa. Por
fim, o ataque foi destroçado pela defesa inquebrantável dos
japoneses.
Ao
fim da jornada, os marines estavam de novo no pé da colina, no ponto
de partida. Muitos deles feridos, outros esgotados pelo esforço, e
os restantes desmoralizados pelo fracasso do ataque. O Coronel Walt,
percorrendo as fileiras de seus homens, comprovou que o poder
combativo de suas unidades diminuíra consideravelmente. Contudo, era
preciso levar adiante o ataque contra o monte Aogiri.
Na
manhã seguinte, os marines se lançaram novamente ao assalto.
Subindo pelas ladeiras cobertas de vegetação, alvejados
continuamente pelos atiradores japoneses que se escondiam no alto, os
homens de Walt avançaram com muita dificuldade. Muitos combatentes
americanos, atingidos pelo fogo japonês, caíram para não mais
levantar-se. Walt ordenou, então, que um canhão de 37 mm fosse
transportado para a zona de combate. Este se uniu aos homens que
penosamente o arrastavam ladeira acima. Colocada a peça em posição,
abriu-se fogo imediatamente, utilizando projéteis de metralha.
Conseguiu-se, então, aniquilar as casamatas inimigas.
Vitória
americana
Os
fuzileiros, ao apoderar-se da colina Aogiri, se entrincheiraram para
enfrentar o iminente contra-ataque japonês. Este não se fez
esperar. À meia-noite, em meio do silêncio da selva, um lúgubre
coro se elevou das linhas japonesas. As ásperas vozes de dezenas de
soldados japoneses em tom monocórdio, repetiam várias vezes:
“Marines... prepare to die... Marines...prepare do die
(Fuzileiros... preparem-se para morrer...”). Os combatentes,
recarregando suas armas, se mantiveram prontos em seus postos de
combate. À uma da madrugada, com enorme alarido, os japoneses
atacaram. Os americanos, imediatamente, desencadearam um
violentíssimo fogo contra os efetivos japoneses que avançavam
correndo. As duas primeiras levas de atacantes foram exterminadas até
o último homem.
Os
japoneses, no entanto, haviam recebido ordens de retomar a colina ou
morrer. Em conseqüência, novas massas de homens se somaram ao
assalto. As posições americanas, assediadas sem descanso, corriam o
risco de serem derrotadas. O Coronel Walt enviou então uma mensagem
à retaguarda, requerendo a intervenção da artilharia de apoio de
105 mm. Desdenhando as objeções dos chefes das baterias, ordenou
que os projéteis fossem disparados a 50 jardas adiante das linhas
americanas. Era preciso correr o isco e o Coronel Walt aceitou o
desafio. Instantes depois, as primeiras granadas da artilharia
começaram a cair e explodir a poucos metros das posições
defendidas pelos marines. Assim, a terceira onda de atacantes
japoneses foi praticamente pulverizada por um dilúvio de projéteis
de grosso calibre. A carnificina, contudo, não arredou os japoneses.
Co seu chefe à frente, brandindo uma espada samurai numa das mãos e
uma pistola na outra, os japoneses se lançaram ao assalto numa
quarta leva. O fogo da artilharia, novamente, frustrou o ataque.
Centenas e centenas de japoneses tombaram mortos ou feridos, assim
como seu chefe. Walt, então, preparou-se para resistir à última
investida. As metralhadoras dos fuzileiros estavam praticamente com
as munições esgotadas; rapidamente, numerosos combatentes forame
enviados à retaguarda, a fim de transportar para a primeira linha as
necessárias caixas de projéteis. Na linha de frente americana,
enquanto isso, o Coronel Walt, junto com seus homens, observava as
vizinhas posições japonesas. Os americanos não viam os japoneses;
era outra vez o lúgubre: “Marines... preparem-se para morrer...”.
Poucos
minutos depois de terem partido correndo para a retaguarda, os
primeiros homens transportando as caixas de balas, voltaram à linha
de frente. Um instante mais tarde, em meio aos característicos
estridentes alaridos, os japoneses se lançaram ao assalto. As
metralhadoras americanas, disparando sem descanso, varreram as
fileiras dos atacantes. O quarto assalto japonês fracassara também.
Em
seguida, as forças americanas empreenderam o ataque ao último
grande reduto japonês: a colina 660, situada a poucos quilômetros
ao sul da colina Aogiri.
Um
batalhão do 7o
Regimento de Marines trepou pelas ladeiras que tinham uma inclinação
de mais de 45 graus, sob a metralha inimiga, disparando furiosamente.
Detidos finalmente pelos canhões de 20 mm, os americanos tiveram o
seu avanço paralisado. Um destacamento de tanques leves incumbiu-se
de cobrir com o fogo de suas peças a retirada dos marines. Na manhã
seguinte, 14 de janeiro de 1944, os fuzileiros voltaram a atacar pelo
flanco, através de um setor da colina fracamente defendido.
Conseguiram, depois de encarniçada luta, apoderar-se da posição. A
resistência japonesa cessou, então, em toda a zona próxima ao Cabo
Gloucester. A segurança desta base ficou, portanto, consolidada.
A
10 de fevereiro, a campanha na extremidade ocidental da Nova Bretanha
encerrou-se, quando estabeleceram contato as patrulhas americanas,
procedentes da península de Arawe, pelo sul, e os fuzileiros do Cabo
Gloucester, pelo norte.
A
luta, porém, continuou, na perseguição dos elementos japoneses
fugidos rumo ao leste. O objetivo principal, no entanto, fôra
atingido.
À
vitória na Nova Bretanha acrescentou-se a conquista das ilhas do
Almirantado, situadas ao norte de Rabaul. A ocupação destas ilhas
foi o ponto final da campanha, pois bloqueou definitivamente todas as
forças japonesas que ainda restavam nas ilhas Bismarck e nas
Salomão. Mais de 100.000 soldados japoneses permaneceriam ali, sem
possibilidade de escapar, até o fim da guerra.
Anexo
Bombas
sobre a Nova Guiné
O
general George Kenney, chefe da 5a
Força Aérea americana durante a campanha da Nova Guiné, relata o
ataque de seus bombardeiros aos aeródromos japoneses dessa ilha.
“Pouco
antes da saída do sol, a 17 de agosto de 1943, iniciou-se o grande
ataque contra os aeródromos de Wewak; 40 B-324 e 12 B-17 arrasaram
as bases japonesas em But, Borum, Dagua e Wewak com 200 toneladas de
bombas. Dois dos nossos B-24 perderam-se na incursão e outro B-24
aterrissou na costa sul da Nova Guiné com quatro tripulantes mortos
a bordo. Informou-se ao término do ataque que o fogo antiaéreo em
Wewak fôra extremamente intenso e certeiro. Duas horas mais tarde,
33 B-25, juntamente com 83 P-38 de escolta, efetuaram um ataque
simultâneo contra Borum, Wewak e Dagua; 16 B-25, destinadas a
bombardear a base de But, defrontaram-se com péssimas condições
climáticas e não conseguiram alcançar o objetivo. O
Tenente-Coronel Don hall guiou o ataque dos B-25 contra Borun.
“Aproximando-se,
quase raspando as copas das palmeiras, Don avistou uma cena que o
encheu de satisfação. Os bombardeiros japoneses, mais de 60
aparelhos, estavam alinhados de ambos os lados da pista, com seus
motores em movimento e as tripulações a bordo. Grupos de mecânicos
estavam também junto aos aviões. Os japoneses já iniciavam a
decolagem e o avião-guia estava na metade da pista, começando a se
elevar do solo. Num campo ao lado, 50 caças japoneses esquentavam
seus motores, prontos para empreender vôo, escoltando os
bombardeiros. O Tenente-Coronel Hall deu a ordem para atacar; sua
primeira descarga fez voar em pedaços o avião-guia, no instante em
que decolava. Seus restos caíram sobre a pista, bloqueando-a por
completo. A formação de B-25 passou como um furacão sobre o
aeródromo. A dupla linha de aviões japoneses foi quase que
instantaneamente envolvida pelas chamas, ao ser atingida pelo dilúvio
de projéteis incendiários disparados por mais de 200 metralhadoras
calibre 50. As peças antiaéreas foram arrasadas, os tambores de
gasolina empilhados junto à pista, explodiram, desprendendo enormes
colunas de fogo. Nesse inferno de explosões e debaixo da chuva de
balas, sucumbiram, sem possibilidade de escapatória, tripulantes e
mecânicos. Destruímos os bombardeiros no momento exato. Cinco
minutos depois, e os japoneses teriam levantado vôo para atacar
nossa base em Marilinan.
“Wewak
sofreu a mesma sorte. Trinta caças japoneses esquentavam os motores
para decolar, quando 12 B-25 os atacaram de surpresa. Repetimos ali a
destruição conseguida em Borum. Apenas três B-25 bombardearam
Dagua, porém novamente a surpresa rendeu os seus dividendos. Mais de
20 aviões inimigos foram destruídos, e pelo menos igual cifra
acabou gravemente avariada.
“Soubemos
mais tarde que os japoneses denominaram essa jornada como o “dia
negro de 17 de agosto” e que perderam mais de 150 aviões, junto
com quase toda as suas tripulações, e cerca de 300 homens do
pessoal da manutenção. Todos os nossos bombardeiros e caças
regressaram às suas bases”.
“Yank”
Ilha
de Manus, a 320 km ao norte de Nova Guiné. Fevereiro de 1944. Os
destróieres americanos ocupam suas posições de fogo de apoio e
começam a disparar sobre as praias e zonas vizinhas, ocupadas pelos
japoneses. Imediatamente, os destróieres incumbidos do transporte de
tropas, arriam as barcaças de desembarque. Os homens descem pelas
redes e ocupam os lugares distribuídos de antemão. Com um rugido de
motores, as lanchas avançam para as praias. Quando as embarcações
se encontram a algumas centenas de metros da costa, as metralhadoras
japonesas abrem fogo. Como respondendo a uma ordem, os canhões
costeiros começam a disparar sobre os americanos.
Escapando
aos disparos, as embarcações continuam aproximando-se. Quando as
lanchas encalham na areia, os homens pulam fora e ganham as proteção
de troncos caídos e da dunas de areia. Os japoneses, por sua vez,
silenciando o fogo das suas armas, retiram-se precipitadamente,
ocultando-se na floresta. As metralhadoras das barcaças, duas de
calibre 30 em cada lancha, varrem a espessura protegendo os
combatentes que continua desembarcando.
Os
homens saltam das lanchas, correm, lançam-se ao solo, arrastam-se,
voltam a levantar-se, e correm até o próximo refúgio. Carregam o
pesado equipamento de campanha e progridem dificilmente. Um do homens
porém, leva nas mãos, como única arma, uma máquina fotográfica.
E a utiliza sem cessar. Homens que correm, que saltam das lanchas,
que caem feridos, tudo fica registrado na câmara da máquina
fotográfica. É mais um combatente, porém sua arma não fere, nem
mata. Ela se limita a registrar cada cena que ocorre. É um
correspondente de guerra. Mas os grandes jornais do mundo, os
semanários e as revistas ilustradas jamais terão suas fotos nem
suas notas. Porque é um correspondente do “Yank”. O “Yank” é
o semanário oficial do Exército dos Estados Unidos. A publicação,
impressa nos Estados Unidos, Panamá, Trinidad, Porto Rico,
Inglaterra, Austrália, ilhas do Havaí, Egito, Índia e no Irã, é
distribuída em todos os lugares do mundo onde haja soldados
americanos. “Yank” é a única publicação militar, escrita,
editada e impressa por soldados. Estes, que na vida civil eram
repórteres, fotógrafos ou redatores, hoje desempenham as mesmas
tarefas em benefício dos seus companheiros de armas.
O
primeiro número do “Yank” apareceu em junho de 1942. Começou
publicando-se exclusivamente nos Estados Unidos, porém poucos meses
depois uma nova edição começou a ser editada na Inglaterra.
Posteriormente, sucessivas edições foram sendo publicadas em
diferentes locais, até cobrir todos os setores onde houvesse
soldados americanos.
O
Yank publica crônicas das diversas frentes, caricaturas, notícias
relacionadas com a situação militar e, em geral, tudo o que possa
ser de utilidade informativa para os homens que lutam longe dos seu
lares.
Transcrevemos
a seguir a crônica do desembarque na ilha de Manus, extraída de uma
edição do Yank:
“Quando
nos aproximamos do canal, os homens da marinha que estavam na proa
nos gritaram que baixássemos as cabeças, se não quiséssemos
perde-las. Agachamo-nos mais, esperando e maldizendo.
“Sentimos
um silvar sobre nossas cabeças; era o fogo das metralhadoras
inimigas. A nossa frágil lancha de desembarque estremeceu toda
quando os artilheiros navais responderam com as peças de calibre 30
montadas de ambos os lados da barcaça.
“Quando
viramos em direção da praia, houve um baque seco na embarcação.
‘Atingiram um dos nossos canhões ou algo parecido...’ disse um
artilheiro.
“Na
frente via-se um rombo nomeio da rampa de desembarque e não havia
mais nenhum homem, onde estavam quatro, havia poucos instantes. Nossa
lancha virou a proa para o destróier que nos trouxera às ilhas do
Almirantado.
“Jorros
de água e espuma penetravam pela abertura de seis polegadas aberta
na rampa de madeira. William Siebieda agachou-se, na sua posição na
peça de artilharia de estibordo, e firmou sua cadeira contra o
buraco para tapa-lo. Estava disparando contra a costa com uma
submetralhadora Thompson, com toda a rapidez com que os soldados
feridos podiam passar-lhes os pentes de balas. A água o encharcava
inteiramente, correndo pelas suas pernas e convertendo o sangue dos
feridos num liquido rosado.
“Dois
soldados e o timoneiro morreram. O quarto homem nem sequer fôra
ferido”.
Outro
correspondente do Yank assi descreve as dificuldades para eliminar as
forças inimigas de um setor ocupado pelos americanos:
“Aproximadamente
às 7h30, o chefe do telégrafo da divisão, um capitão, passou
diante de ‘uma toca de raposa’ e um japonês fez fogo contra ele,
ferindo-o na perna e no peito. Estirado na lama, a dois metros do
ângulo formando pela trincheira em forma de V, o capitão apontou
para a ‘toca de raposa’.
“O
soldado Allan Holliday, de Miami, Florida, e o cabo James Stumfoll,
de Pittsburg, Kansas, que caminhavam ali perto quando o capitão fôra
ferido, se agacharam atrás das palmeiras e abriram fogo contra o
esconderijo.
“Quando
quatro japoneses saíram correndo pela outra entrada, foram apanhados
por uma patrulha que ali estava colocada. Holliday e Stumfoll se
ergueram e lançaram granadas pela abertura próxima deles. Os
japoneses conseguiram devolver, lançando fora, duas granadas, porém,
as outras explodiram dentro da cova.
“Depois
disso, não se ouviu mais ruído algum no seu interior, de modo que
Holliday e Stumfoll e um punhado de outros soldados da cavalaria
cercaram o esconderijo e tiraram as folhas de palmeira que
disfarçavam uma das entradas.
“Um
japonês estava sentado no interior, apontando com um fuzil. Umas
vinte carabinas e metralhadoras partiram o seu corpo, virtualmente,
em dois. Tombou para a frente como um homem orando.
“Os
soldados ouviram outros rumores no interior do fortim, mas nem
quiseram mais saber quem os produzia; simplesmente fizeram “a cova”
voar pelos ares com cargas de TNT e granadas, e a luta terminou.
“Enquanto
isso, o chefe do telégrafo, ferido, havia sido arrastado, para fora
do alcance dos japoneses, pelo oficial superior do Corpo Médico da
força: um coronel que estava também levemente ferido por uma
granada. Um fotógrafo do Corpo de Sinalizações que tentou filmar a
ação recebeu um tiro no estômago”.
Os
porta-aviões americanos
Na
primeira fase da guerra no Pacífico, a Marinha americana sofreu a
perda de quatro dos seus grandes porta-aviões: o Lexington na
batalha do Mar de Coral, o Yorktown, no encontro decisivo de Midway,
e o Wasp e o Hornet, nos encarniçados combates navais no arquipélago
das Salomão. Dos três porta-aviões que restavam em operações,
um, o Ranger, encontrava-se no Atlântico, os outros dois, o
Enterprise e o Saratoga continuaram no Pacífico sustentando durante
vários meses todo o peso da luta. Logo, no entanto, os estaleiros
americanos, trabalhando febrilmente, entregaram novas naves, acabado
com a superioridade japonesa.
No
mês de maio de 1943, o gigantesco Essex, primeiro porta-aviões de
um novo tipo de 25.000 toneladas, incorporou-se ao serviço ativo na
base de Pearl Harbor. Um escritor naval americano, o Tenente Oliver
Jensen, expôs assim a importância desta belonave no ressurgimento
do poderio naval dos EUA:
“A
construção desse milagre da ciência moderna fôra acompanhada pela
oficialidade da Marinha com uma carinhosa expectativa, desde a
precisão de detalhes nas pranchetas dos projetistas, até o
barulhento martelar dos operários construtores, pois ele
representava o tipo de frota de batalha que a marinha almejava. Tudo
o que havia a bordo, desde sua ampla coberta de vôo de 850 pés de
comprimento, até seu compartimentos cheios de instrumentos delicados
e secretos, fôra planejado para operações futuras. Ao contrário
dos outros grandes porta-aviões, este fôra construído de
conformidade com a experiência adquirida na guerra efetiva e o seu
propósito era o combate... Com a perda dos quatro primeiros grandes
porta-aviões, havíamos adquirido, na dura realidade, o conhecimento
de suas falhas. Aprendemos que eram vulneráveis ao fogo, e que
careciam de proteção aérea eficiente. Aprendemos que teríamos que
buscar métodos mais rápidos para manobrar, lançar e recuperar os
aviões. Recorreu-se à imaginação e embora seja certo que a
perfeição se encontra sempre um pouco além do horizonte, não
existira ainda na História navio algum que aproximara tanto da meta
desejada como o Essex”.
No
decorrer do ano que se seguiu à incorporação do Essex, a frota
americana no Pacífico aumentou o número dos seus porta-aviões de
forma acelerada, até chegar à cifra de 100 naves desse tipo. Da
classe do Essex, de 25.000 toneladas, eram os novos porta-aviões
Yorktown, Lexington, Hornet e Wasp (estes batizados com os nomes dos
porta-aviões afundados) e o Bunker Hill, o Intrepid, o Hancock, o
Bonhomme, Richard e o Shangri-La. Também constavam da categoria dos
grandes porta-aviões, o Enterprise e o Saratoga, os dois únicos
sobreviventes da etapa inicial da guerra, amplamente modernizados.
Além disso, a frota recebeu outros porta-aviões menores: os da
categoria Independence, de 10.000 toneladas. Eram naves extremamente
velozes e manobráveis. Ao Independence logo se juntaram outros: o
Vataan, o Princeton, o Monterey, o Cabot, o Belleau Wood, o Cowpens,
etc. Outros porta-aviões, denominados “de escolta”, construídos
utilizando cascos de petroleiros e navios mercantes, prestaram
extraordinários serviços na proteção de comboios, no apoio de
operações de desembarque e como navios-transporte de aviões para
as frentes de luta. Por sua menor velocidade, pelo reduzido número
de aviões embarcados, e pela sua elevada vulnerabilidade, estes
últimos tipos não eram empregados na primeira linha de operações
de combate.
As
esquadrilhas dos novos porta-aviões eram interadas pelos modernos
caças Grumman Hellcat, equipados com um motor de 2.000 HP e armados
com seus metralhadoras calibre 50 nas asas. Estes aparelhos eram
também fortemente blindados e contavam com tanques de combustível
auto-obturáveis. Os Hellcat permitiram aos americanos esmagar
definitivamente a superioridade que, desde o princípio da guerra,
ostentavam os mortíferos Zeros japoneses. Como aviões de ataque,
figuravam o torpedeiro Grumman Avenger com um motor de 1.700 HP e
três tripulantes, o eficiente bombardeiro de mergulho Douglas
Dauntless e o novo bombardeiro de mergulho Curtiss Helldiver.
“Córrego
do Suicídio”
Nos
céus da ilha de Nova Bretanha, o sol brilha com fulgurante
intensidade. Mas, apenas fracos raios de sua luz chegam aos homens
que avançam penosamente na mata, submersos no emaranhado
impenetrável da vegetação. São soldados do 5o
Regimento de Marines americano e marcham, abrindo passagem a golpes
de facão, à caça das tropas japonesas, que permanecem emboscadas
no meandros da selva. De súbito, na cabeça da coluna ressoam
disparos. Automaticamente, os combatentes se distribuem entre a mata
e, engatilhando suas armas, apontam-nas para o ponto de onde partiu a
descarga. O pelotão da vanguarda se encontra junto às margens de um
córrego, cujas águas escuras correm silenciosamente, no meio da
espessura. Essa estreita corrente é o ponto que os japoneses
escolheram para bloquear o avanço dos marines. Na margem oposta,
ocultos pela vegetação e entrincheirados em redutos invisíveis,
camuflados com ramos e folhagens, aguardam que os americanos tentem
prosseguir o seu avanço.
Após
uma pausa de poucos minutos, o chefe da coluna de marines dá aos
seus homens a ordem de atacar. Na há possibilidade de flanquear a
posição inimiga. É preciso lançar-se ao ataque frontal, vadeando
as águas do córrego. Sem vacilar, os fuzileiros se internam, com
suas armas erguidas, na corrente. Atrás, ocultos pelos troncos das
árvores e entrincheirados nas reentrâncias do terreno, os morteiros
e metralhadoras desatam uma violenta barragem de fogo ara cobrir o
avanço. Porém a carnificina não pode ser evitada...
Os
japoneses respondem à descarga, ceifando com o fogo cruzado de suas
mortíferas metralhadoras Nambu os marines praticamente indefesos,
que tentavam atravessar a arroio. Em poucos instantes, tudo termina.
Dezenas de corpos imóveis, crivados de balas, ficam flutuando sobre
a água, avermelhada pelo sangue. A terrível operação, no entanto,
se repete uma e outra vez. Alguns marines, escapulindo da chuva de
projéteis, consegue atingir a outra margem, para cair ali,
exterminados a golpes de baionetas pelos japoneses que,d e surpresa,
surgem de suas posições camufladas na mata. Essa luta sem piedade
se prolonga durante o dia inteiro até que, finalmente, o chefe
americano resolve por um termo ao sacrifício dos seus homens. Sua
decisão, porem, chega muito tarde. Os fuzileiros firam,
praticamente, dizimados.
Na
retaguarda, é recebida a notícia da matança do córrego, ao qual
as tropas já apelidaram “córrego do suicídio”. O General
Rupertus, chefe das forças de fuzileiros-navais, decide então
colocar à frente do ataque um homem que para os marines constitui
toda uma lenda de coragem e audácia: o Tenente-Coronel “Chesty”
Puller. Puller, uma vez mais, fará justiça à sua fama. Reúne os
combatentes e determina, terminantemente: “Temos coragem para
passar e passaremos”. Porém o plano de Puller não se limita a uma
cega investida a baioneta. Manda deslocar até as margens do “córrego
do suicídio” uma escavadora e vários blindados semilagartas
munidos de canhões de 75 mm. Às 8 horas da manhã seguinte começa
o ataque. A escavadora avança rugindo sob o fogo cruzado das
metralhadoras japonesas e abre com sua gigantesca pá, uma brecha nas
inclinadas margens do arroio. Através dessa brecha se movimentam os
semilagartas e ao atingir a margem oposta, disparam a queima-roupa os
seus canhões contra as casamatas japonesas, fazendo-as voar em mil
pedaços. Atrás processa-se a carga dos fuzileiros, disparando seus
fuzis e metralhadoras e lançando granadas. Os japoneses foram,
então, exterminados até o último homem.
“Pappy”
Boyington
3
de janeiro de 1944. Bougainville. Nas pistas da base aérea americana
alinham-se, com os motores rugindo, os caças Corsair da esquadrilha
das “Ovelhas Negras”. Os pilotos que integram a formação foram
selecionados baseados num estranho antecedente: sua má conduta. De
fato, os homens que tripulam os Corsair são aviadores separados de
diversas esquadrilhas, por castigo ou expulsão. Os motivos:
indisciplina, rebeldia, insubordinação e muitas causas mais. Essa
coleção de inadaptados foi reunida numa formação: as “Ovelhas
Negras”. As características do seu chefe, o Coronel Gregory
“Pappy” Boyington, dos Fuzileiros-Navais, asseguram ao
Alto-Comando que a disciplina no grupo será exemplar. E assim
ocorre, efetivamente. Boyington, “ás” que tem a seu crédito 26
aviões inimigos derrubados, é um piloto de vasta experiência, que
combate contra os japoneses desde o momento em que os Tigres Voadores
entraram em ação na China. Ali começou a sua caça aos japoneses.
Posteriormente, outros 20 aviões inimigos se agregaram à lista de
Boyington. Com 26 aviões derrubados, o “ás” americano igualou o
recorde ostentado, desde a Primeira Guerra Mundial, por Rickembaker.
As
Ovelhas Negras decolaram e rumaram para Rabaul, base inimiga objetivo
da incursão. Os japoneses, no entanto, alertados por seus
observadores avançados, interceptaram a formação inimiga. A “luta
de cães” começou imediatamente. “Pappy” Boyington, sem
vacilar, lançou-se sobre a formação inimiga seguido pelo avião
que voava ao seu lado. O fogo das metralhadoras do “ás”
americano perfurou as asas e a fuselagem de um dos aviões japoneses.
Descrevendo um amplo giro, ele se afastou do avião japonês, que
começou a cair, envolto em chamas. Sempre seguido por seu
companheiro de formação, o aparelho do americano perdeu altura para
atacar um grupo de máquinas inimigas que voava muito baixo. Os dois
aviões entraram num mergulho a toda força dos motores, sem notar a
presença de um grupo de 20 aviões japoneses que, do alto, caíram
sobre eles.
As
metralhadoras dos aviões japoneses começaram imediatamente a
vomitar sua mortífera carga. O avião que acompanhava Boyington foi
atingido logo e começou a perder altura. O “ás” americano,
tratando de proteger o seu companheiro, precipitou-se atrás dele,
disparando contra os caças japoneses. Estes, no entanto, impuseram o
peso do seu número. E o avião de Boyington recebeu uma verdadeira
saraivada de balas. Por fim, com o tanque principal do seu aparelho
envolto em chamas, ele desceu até quase roçar a crista das ondas.
Nesse instante, quando se encontrava a mais ou menos 30 metros da
superfície, Boyington picou violentamente e o seu corpo voou,
expulso da carlinga do seu avião. Um brusco puxão indicou a
Boyington que o pára-quedas começara a se abrir. No entanto, antes
que o pano chegasse a se abrir totalmente, o corpo do piloto
americano submergiu nas ondas. Segundos depois, voltando à
superfície, Boyington percebeu que quatro dos caças japoneses
sobrevoavam o local. Os aviões inimigos, ao divisar o americano,
precipitaram-se sobre ele, metralhando-o. mergulhando uma e outra
vez, ele escapou às rajadas. Afinal os aviões japoneses se
afastaram.
O
“ás” americano, então, inflou o bote de borracha que fazia
parte do seu equipamento e subiu nele. Ao tirar o uniforme, ele
percebeu muitos ferimentos que dilaceravam todo o seu corpo. As balas
inimigas haviam perfurado o seu ombro e as pernas; o tornozelo
esquerdo estava destroçado por um projétil de 20 mm.
Depois
de improvisar penosamente umas bandagens, Boyington começou a remar
rumo à costa distante. Oito horas depois, a silhueta de um submarino
se recortou nas proximidades. Boyington, quase inconsciente pela
perda de sangue e pela dor, continuou remando em direção ao barco.
Quando estava junto a ele, notou que era japonês.
Ele
permaneceu prisioneiro dos japoneses até o final da guerra. Então,
o Congresso dos EUA condecorou-o com a Medalha de Honra.
King
“Fazer
o que se pode com o que se tem” foi o lema do Almirante King. No
princípio de 1942, pouco depois do Presidente Roosevelt eleva-lo ao
mais alto posto da Marinha, nomeando-o Chefe Naval dos Estados
Unidos, disse: “Estamos ocupados preparando a vitória”. E
acrescentou: “Nenhum almirante contou com melhores combatentes”.
O Almirante King nasceu em 1878, em Ohio, Estado situado no interior
do país, e desde pequeno mostrou-se fascinado pelas histórias do
mar. Em 1887, num exame de seleção, ganhou o direito de freqüentar
a Academia Naval dos Estados Unidos, em Anápolis, onde se graduou em
quarto lugar, numa classe de 67 alunos. Ainda cadete, o jovem Ernest
King serviu no cruzador San Francisco durante o sítio de Havana, na
guerra que libertou Cuba do domínio espanhol e levou esse país a
constituir-se em república independente. Durante a Primeira Guerra
Mundial foi ajudante do Almirante Henry Mayo, chefe do Estado Maior e
comandante-chefe da Frota do Atlântico. Durante o bombardeio
britânico de Ostende, Bélgica, resistiu ao fogo inimigo, junto com
o Almirante inglês Jellicoe, tendo recebido por essa ação a Cruz
Naval.
Ao
terminar a guerra, King foi nomeado diretor da Escola de Estudos
Superiores de Anápolis. Em 1923 assumiu o comando de uma base de
submarinos e em 1928, depois de se ter preparado como aviador naval,
foi nomeado comandante das esquadrilhas da Frota de Reconhecimento. O
Almirante King tinha 59 anos quando decidiu aprender a voar e se
apresentou como voluntário para treinar na Estação Naval Aérea em
Pensacola, Florida. Ali, conseguiu o brevê de piloto, numa idade que
muitos peritos consideram avançada demais para essa façanha.
A
experiência adquirida pelo Almirante King na aviação o conduziu à
sua próxima nomeação: assistente-chefe da Aviação da Marinha dos
Estados Unidos. Exercendo esse cargo, foi comandante do transporte
“Lexington”. Em 1933 foi nomeado chefe da Aeronáutica e nesse
posto iniciou uma grande expansão do Serviço Naval Aéreo. Após a
eclosão da segunda Guerra Mundial, em 1940, King foi nomeado
comandante das forças de patrulha. Nessa circunstância deu ordens
de disparar sobre qualquer submarino que fosse descoberto navegando
nas vizinhanças da costa dos Estados Unidos. Em fevereiro de 1941,
quando ascendeu ao posto de chefe da Frota do Atlântico, coloca-a em
pé de guerra, e ordenou que os barcos permanecessem com suas luzes
apagadas durante a noite e que os artilheiros estivessem em serviço
permanente, mantendo, prontos para funcionar, dia e noite, os canhões
e as baterias.
“O
senhor me oferece um grande pedaço de pão e muito pouca manteiga”,
disse ao Presidente Roosevelt quando este o nomeou. O Almirante se
referia, ao dizer isso, ao fato de que um imenso setor do Oceano
Atlântico tinha que ser patrulhado e possuía muitos poucos barcos
para cobrir essa superfície. O número de barcos designados para o
almirante foi aumentado e alguns meses depois, o presidente,
familiarmente, perguntou: “Então, Ernie, você agora está
satisfeito?”. “A qualidade é boa - respondeu King - porém o
senhor continua me dando mais pão que manteiga, presidente”.
Ao
ser nomeado comandante-chefe da Frota dos Estados Unidos, o “pão”
do Almirante King se converteu no mundo inteiro.
“Ernest
King é um homem decidido - declarou um antigo amigo do almirante.
Possui uma agilidade mental valiosíssima para os casos de
emergência. É o homem para dirigir a Marinha em tempo de guerra”.
O Almirante King morreu em 1956.
Como
combatiam os japoneses
Reproduzimos
parágrafos da crônica oficial das ações sustentadas pelas forças
americanas na ilha do Almirantado. Nela se descrevem os pormenores de
um sangrento combate noturno com as tropas japonesas que permitem
avaliar o denodo quase fanático que insuflava os soldados japoneses
a sacrificar suas vidas em ataques suicidas.
“Os
japoneses começaram a sondar as posições às 20h20. Às 21 horas,
um avião inimigo nos sobrevoou e, em três passadas, lançou oito
bombas. Não causaram danos, salvo cortar as linhas telefônicas que
ligavam ao setor do 1o
Esquadrão. Quando o avião se afastou, os japoneses acenderam
foguetes luminosos amarelos e um projétil com uma trajetória
luminosa, aparentemente de 20 mm, foi disparado verticalmente.
“Os
japoneses avançaram com suas armas automáticas, sem ter,
aparentemente, outro plano de ação senão atacar-nos de frente, em
campo aberto, confiando em que a obscuridade os protegia. A
conversação excitada das guarnições das baterias revelou,
contudo, onde eles as estavam colocando, e se converteram em alvos
fáceis para os atiradores da defesa.
“Os
atacantes foram envolvidos pelo fogo dos morteiros que localizaram os
seus projéteis com precisão de 20 a 50 metros à frente de nosso
perímetro... O ataque contra a posição do 2o
Esquadrão foi uma ameaça maior. Os japoneses, ao se aproximar,
lançaram granadas que caíram diante das nossas linhas. Depois
penetraram na zona minada; apesar de terem explodido todas as minas
antipessoais e as armadilhas “booby”, o inimigo continuou
aproximando-se. Num estranho contraste com as infiltrações
perfeitamente dissimuladas da noite anterior, desta vez não fizeram
nenhum esforço para se ocultarem.
“Gritando
e cantando, os japoneses avançaram para as linhas defendidas por
nossas armas automáticas. Os que vinham na frente foram aniquilados,
mas continuavam chegando outros que marchavam sobre os cadáveres dos
primeiros. As armas automáticas continuaram martelando, enquanto os
fuzileiros, localizados sobre os flancos ou na retaguarda, rechaçavam
toda tentativa de infiltração dos japoneses a poder de metralha.
Pouco antes do amanhecer, numerosos japoneses, utilizando granadas e
punhais, penetraram nas posições da companhia G. O comando dessa
unidade organizou um contra-ataque e desalojou o inimigo. O pelotão
do Tenente Henshaw, combatendo por trás de um aterro bem defendido,
recebeu o impacto mais forte de vários dos poderosos ataques contra
a companhia G. Os japoneses que conseguiram atravessar o fogo cruzado
das metralhadoras, trataram de, passando por cima dos mortos, subir
pelo lado oeste do aterro. Foram exterminados com o chumbo das
metralhadoras, fuzis e granadas.
“Apesar
dos ataques contra o flanco norte, especialmente contra a companhia
G, serem quase esmagadores pela sua potência de freqüência,
careciam quase sempre de coordenação e resultaram completamente
ineficazes, enquanto nossas tropas tinham munições. Uma coluna de
japoneses avançou, mais ou menos uma hora antes do amanhecer,
cantando “No Coração do Texas”. Foram mortos por minas
antipessoais e pelo fogo mortal das armas leves de todas as tropas da
posição. Quando os ataques contra a companhia G se esgotaram, um
oficial japonês conduziu um grupo de 12 soldados para campo aberto.
O oficial arrancou a espoleta de uma granada, bateu-a contra seu
capacete e a encostou no estomago. Os 12 soldados se suicidaram
também com granadas”.
Truques
“Os
japoneses puseram em jogo uma série de truques e, e, algumas
oportunidades, tiveram êxito. Conseguiram inteirar-se do nome de
alguns chefes de pelotões americanos. Numa ocasião, um japonês
gritou: “Retire-se, Thorne, todo o regimento está batendo em
retirada para outra linha!”. Isto deu origem a que o pelotão de
morteiros sob as ordens do 1o
tenente Thorne abandonasse suas posições. O pelotão não apenas
sofreu três baixas, como também não pôde dirigir o fogo de seus
morteiros durante o resto da noite. Outro truque era fazer com que
alguns japoneses se movimentassem diante de nosso perímetro para
atrair sobre si o fogo das metralhadoras. Então dois ou três
atiradores especializados disparavam projéteis com trajetória
luminosa sobre qualquer arma que se denunciasse, possibilitando aos
morteiros abrir fogo contra a posição. Entre 22h30 e meia-noite
ocorreram, numa bateria antiaérea de 90 mm, vários casos de
mensagens telefônicas dizendo, uma vez, que quem falava era um
determinado oficial americano, e outra vez que era um sargento. Em
ambos os casos comunicavam o fracasso dos nossos planos e o triunfo
dos japoneses. Como as vozes não foram reconhecidas, não se tomaram
em consideração as mensagens. No entanto, uma dessas mensagens fez
com que o 211o
Batalhão de Artilharia Antiaérea trocasse de posição o seu Posto
de Comando...”.
“Somente
nossos nomes restam...”
24
de março de 1944. A atividade das tropas japonesas começa a
minguar, minuto a minuto. Dias mais tarde, entre 26 e 31 de março, a
sorte dos japoneses tende a definir-se. Os sobreviventes mantinham
ainda posições defensivas a oeste das colinas de Papitalai, porém
carecendo de munições e de suprimentos não puderam opor nenhuma
resistência às forças americanas que se aproximavam do leste e do
oeste. Muitos redutos, alguns deles recém-construídos, foram
descobertos na região a oeste da colina 260. Achou-se um esconderijo
que tinham um poço de seis metros de profundidade, conduzindo a um
túnel que desembocava na ladeira da colina; outras construções
similares tinham poços de três a quatro metros de profundidade.
Contudo, já na noite de 23 para 24 de março, a deficiente situação
dos japoneses, no terreno das munições, foi dada pelo fato de que
eles começaram a jogar estacas e pedras das “tocas de raposa”
contra o 1o
Esquadrão do 12o
Regimento de Cavalaria americano.
Um
Diário encontrado no cadáver de um soldado japonês revela a sorte
sofrida por quase todos os sobreviventes:
“28
de março. A última noite foi tranqüila, com exceção de ocasional
fogo de morteiros e fuzis. De acordo coma conferência celebrada
pelos diversos chefes de unidades, decidiu-se abandonar a posição
atual e bater em retirada. Os preparativos para isso já estão sendo
feitos. No entanto, parece que esta ordem foi cancelada e que
defenderemos firmemente esta posição. Ah, esta é uma derrota
honrosa, e acho que devemos ter orgulho da forma como nos
comportamos. Somente nossos nomes restarão, e isso é algo que não
me agrada muito. Sim, a vida dos que restam agora, uns 200 ao todo,
está limitada a uns poucos dias.
“30
de março. Este é o oitavo dia desde que começamos a retirada.
Caminhamos continuamente, dando voltas pelos atalhos das montanhas,
para evitar o inimigo. Até agora não chegamos ao nosso destino,
porém, esgotamos completamente nossas rações. Nossos corpos estão
cada vez mais debilitados e a fome está se tornando insuportável.
“31
de março. Apesar de carecermos completamente de rações, a marcha
continua. Quando chegamos a Lorengau? Ou esta unidade será
aniquilada nas montanhas? À medida que avançamos vamos tirando um
por um nosso equipamento e nossas armas.
“1o
de abril. Chegamos a umas choças dos nativos. Segundo um comunicado,
as tropas amigas de Lorengau não nos podem ajudar e batem em
retirada. Já não temos outra alternativa senão viver como fazem os
nativos”.
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