As pequenas coisas
Quando parei para pensar a respeito de como deveria ser o trabalho da sala de aula, pensei primeiramente nos conhecimentos que os alunos deveriam “saber”, mas foi grande minha surpresa quando percebi que não importava a forma como este conhecimento fosse apresentado sempre existia um problema, uma hora era a conversa paralela, faltava um lápis, uma caneta, faltava borracha, era o esquecimento do caderno, etc. Não que os alunos não tivessem o material, mas faltava realmente a organização de seu material, ou seja, eu teria que ensinar primeiramente como organizar seus materiais, para então poder ensinar o que de fato, na minha concepção a escola deveria ensinar: o conteúdo.
Com base nesta primeira experiência, a qual foi geradora de uma pesquisa, pude ampliar meus horizontes a esse respeito e com base no trabalho da Dra Maria Luisa Xavier, posso afirmar agora a razão pela qual enfrentamos a falta de profissionais na área da educação e de uma educação de alta qualidade no nosso país(qualidade em conhecimento), pois a escola(como processo) precisa constantemente humanizar os alunos, uma vez que somos seres humanos, mas nascemos como qualquer outro animal – precisamos do convívio para aprender nossa linguagem, para daí estabelecermos relações de aprendizagem – e a partir desse convívio avançar nos processos de educação, ou seja a escola espera receber alunos já iniciados nesse processo para a partir daí introduzir conhecimentos científicos, matemáticos, … que a humanidade produziu durante os vários séculos.
E como está sendo feita esta iniciação na humanidade dentro das casas? Será que estas crianças estão sendo introduzidas ao mundo da linguagem com as palavras corretas? Será que estamos deixando estas crianças tempo demais na frente da TV? Você sabe o que seu filho(a) assistem? Vamos pensar sobre estas questões, e outras mais, que ninguém vive em um mundo perfeito mas é possível através pequenas atitudes começar a mudar um pouco esta situação.
Você já parou para pensar que seu filho não aprende sozinho a falar e a andar você participa desse processo sendo incentivador, corrigindo as falhas, orientando a direção correta a seguir, pois bem deve continuar... como eu dizia, a escola precisa ensinar uma vasta gama de conhecimentos para seu filho e você ainda faz parte desse processo, você que é pai/mãe não pode esperar que a escola dê conta de todas as demandas necessárias a formação básica de seu filho/a.
Existem várias situações, vamos começar com nosso exemplo citado anteriormente: uma criança que esquece seguidamente de seus materiais, vai aprender com o tempo a guardá-los de forma adequada para poder utilizá-los, mas antes de aprender isso sozinha terá que primeiro “perder” muitas oportunidades em que poderia estar aprendendo outras coisas mais úteis, ela poderá também ser ensinada na escola mas isso demanda em “perdas de conhecimento” pois supomos que este nível de organização tenha sido ensinado em casa. Existem também determinados comportamentos que se enraizaram nos hábitos da criança e que não foram “corrigidos” no tempo certo. Parece até bobagem mas temos casos em que alguns alunos não tem o hábito de escutar quando outra pessoa fala, isso é resultado de quê? Será que estas crianças no decorrer de sua vivência doméstica tinham o hábito do diálogo? E que diálogo era esse?
Se queremos uma educação melhor precisamos de mais qualidade nas nossas relações entre pais e filhos, pois é através dos pais que a criança começa seu processo de humanização, a escola já está há muito tempo desempenhando este duplo papel, pois precisamos que os alunos estejam preparados para o mundo do conhecimento, só que existe um “pequeno” problema para esta função de “pai” não existe faculdade nós somos formados para dar conhecimentos.
Da mesma forma como o esquecimento prejudicou o aluno em várias oportunidades, certas atitudes estão fazendo com que eles “percam” o tempo certo de se apropriar de conhecimentos que com certeza irão fazer falta. Pois a sociedade de hoje é a sociedade do conhecimento e embora pensemos que estamos no interior que ainda temos “nosso jeito” de fazer as coisas vivemos em um mundo altamente conectado pelas novas tecnologias e precisamos saber interpretar este mundo para não sermos dependentes dos outros e esperar os que os outros nos contem como as coisas são e porque são.
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